Comunicação não-violenta nunca foi tão útil e necessária

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Comunicação não-violenta nunca foi tão útil e necessária

Lajeado

Em um mundo violento, cheio de preconceitos e mal-entendidos, buscamos ansiosamente soluções. Em tempos difíceis e conturbados como o vivido atualmente, a boa comunicação se faz ainda mais útil e necessária para os relacionamentos pessoais e profissionais.

Sem entrar no mérito, pegamos por exemplo, o tom e vocabulário utilizados pelo nosso presidente Jair Bolsonaro. Seu jeito ríspido e agressivo causa fúria quase sempre por onde passa. Quando fala, para muitos, Bolsonaro mais parece uma metralhadora verbal do que um chefe de nação. É o típico caso de quem tem dificuldade para compreender o valor e o poder das palavras. Muitas vezes, parece fazer de propósito, mesmo sabendo do estrago. Por isso, o resultado são críticas desnecessárias até mesmo de quem estava alheio à discussão.

Nas empresas, escolas ou mesmo repartições públicas, o modelo agressivo e intolerante já não prospera e nem é aceito. É cada vez mais combatido. E é bom que seja assim.

Não significa permitir o discurso vitimista ou queixoso diante de qualquer exigência ou recomendação mais sensata. Existe uma diferença enorme entre firmeza e agressividade, ainda que alguns, por vezes, tentam transformá-las em sinônimos. Não vem ao caso agora.

Aqui, pretendo discorrer sobre a capacidade da empatia. Saber e conseguir se colocar no lugar do outro não significa, necessariamente, concordar e anular o próprio pensamento ou ação. Consiste, primeiramente, em fazer uma troca de conversa para um entendimento mínimo entre as partes. E, então, estabelecer um diálogo saudável para evoluir nas intenções mútuas.

Nossos pais e avós diziam: “o mais inteligente, cede”. Talvez, o segredo não esteja em ceder, mas em utilizar melhores palavras para descrever um pensamento ou dar as respostas mais estruturadas e inteligentes à outra parte.

As palavras emanam sensações, sentimentos e interpretações sob diferentes ângulos. Por isso, empregar melhor as palavras suaviza nosso vocabulário e facilita a compreensão à outra parte.

Livro sobre o tema pode ser encontrado nas principais livrarias ou na internet

Existem muitas bibliografias sobre o tema, inclusive, um livro com o título Comunicação Não-Violenta, do psicólogo Marshall Rosenberg. Aliás, nesta obra, o escritor ensina a descobrir os sentimentos que pulsam em nós por trás das aparências. É uma espécie de manual prático para resolver conflitos de forma simples e eficaz.

O neurolinguista Nelson Spritzer também possui uma rica coleção de livros sobre uma comunicação mais eficaz e assertiva para evitar conflitos. E ele trata exatamente das diferentes maneiras e intensidades como cada indivíduo absorve e armazena os impactos da vida.

Em tempos de crises, a tensão tende a estar mais presente. A quarentena e a pressão psicológica por conta da doença e da economia em declínio eclodem sensações nada confortáves, nem amistosas. Para a maioria dos brasileiros, o convívio confinado em pequenos cômodos, especialmente, pelos mais pobres, é agravado pela constante ameaça de miséria. Por isso, não é um tema de fácil definição.

O equilíbrio necessário para esta zona conflituosa e tensionada nem sempre está presente no cotidiano. Seja em casa ou no trabalho, o medo de perder algo precioso ou importante diminui nossa paciência e tolerância. Não se trata do fato em si, mas é a forma com que encaramos e interpretamos o cenário desafiador que nos tensiona mais ou menos.

É aí que entra a resiliência. Portanto, quem souber e utilizar melhores palavras para se comunicar em meio às circunstâcias conflitantes terá mais chance de obter cooperação e harmonia.

Nas empresas, as diferentes gerações no mesmo espaço travam conflitos entre os que aprenderam a “trabalhar duro e com disciplina” e os mais “leves e soltos”. Daí surgiram os termos antagônicos – “grosso” e “mimi” -, nada favoráveis para a evolução mútua, por aumentarem o desconforto entre as partes.

Todavia, compreender o vocabulário mais firme e direto dos mais objetivos é tão necessário quanto entender a sensibilidade dos mais emocionais. Ambos estão certos em suas convicções ou modelos para si mesmos. O problema começa quando um quer ou precisa a cooperação do outro.

Eis o dilema: como ser firme sem parecer insensível. Certamente, a capacidade de argumentar melhor – seja do “grosseiro” ou “queixoso” – é vital para obter sucesso no relacionamento.

Em tempos de pandemia, estudar e refletir sobre este tema é um bom exercício para evoluirmos enquanto seres humanos que precisam do convívio social, seja onde for.

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