Um barril de pólvora

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um barril de pólvora

Vale do Taquari

A população de todo o Vale do Taquari aguarda o desfecho da vistoria solicitada pela Justiça da Comarca de Lajeado, e que pode resultar no fechamento de dois frigoríficos na cidade polo da região. Dois juízes avaliam o pedido do Ministério Público (MP) local pela suspensão das atividades nas empresas Minuano e a BRF, por um prazo mínimo de 14 dias. A apreensão é grande. No campo, já estão previstos protestos e carreatas por parte dos produtores integrados. Ou seja, é um verdadeiro barril de pólvora nas mãos do Judiciário.

O caso já tem repercussão nacional. Lajeado, assim como a região de Passo Fundo, está no olho de um furacão que tem nome e codinome. O novo coronavírus, ou a Covid-19, atinge em cheio a imagem e algumas plantas das indústrias de transformação animal. E não só no sul do Brasil. Nos Estados Unidos, um dos principais epicentros da pandemia se concentrou por algum tempo em um frigorífico de suínos, no estado da Dakota do Sul, em uma cidade com pouco mais de 150 mil habitantes. Um cenário muito semelhante ao nosso.

Especialistas no setor rural alertam para um colapso e o empobrecimento do homem do campo.”

É preciso deixar claro. Ao MP, cabe também o papel de ser um dos protagonistas em momentos de crises e prolongados conflitos de interesse. A instituição possui servidores capacitados para intermediar questões sócio-econômicas, e cumpre sua função ao tentar apresentar uma solução mais justa para todos os lados (ou crenças). Ao Judiciário cabe a decisão de acatar ou não determinadas sugestões apresentadas pelos promotores de justiça. Dito isso, é preciso pensar nas consequências de uma eventual decisão monocrática.

Estes frigoríficos da Minuano e da BRF não atendem apenas a Lajeado. Muito pelo contrário. As duas empresas – que figuram entre as cinco maiores da cidade com base no Valor Adicionado Fiscal (VAF) – são responsáveis pelo escoamento de produções em diversas cidades do Vale do Taquari, sem falar no impacto que causam nas centenas ou milhares de pessoas ligadas direta ou indiretamente aos milhares de funcionários dessas duas unidades. Não é pouca coisa, mesmo.

Especialistas no setor rural alertam para um colapso e o empobrecimento do homem do campo. Hoje, a grande questão a ser feita aos juízes e promotores é: o que fazer com os milhares – ou milhões – de animais abatidos todos os dias? As conclusões por parte de quem vive do campo são trágicas, reforço. Vão desde a falta de compostagem para toda a matéria orgânica produzida por eventual mortandade de frangos, por exemplo, até a possibilidade de canibalismo entre os animais. Tudo em decorrência da provável falta de alimentos.

Por outro lado, e não podemos lavar as mãos ou passar panos quentes, está o aumento exponencial de infectados no Vale do Taquari. Não podemos jamais esquecer que as vítimas mais vulneráveis são os nossos idosos. Avós, pais, tios. Ou um desconhecido qualquer de cabelos brancos. Definitivamente, não podemos esquecer quem mais estamos protegendo neste momento de pandemia mundial.

Nada será fácil a partir desta pandemia. Essa é a grande verdade. Às nossas autoridades, sejam elas do âmbito político ou do judiciário, cabe a importante missão de não potencializar as nossas dificuldades. E, ao fim de todos os debates que se erguem nesta nossa nova rotina, é isso que todos esperam. Portanto, aguardemos!


Projeto negligenciado!

A proposta de reduzir o número de Cargos Comissionados (CCs) na Câmara de Lajeado segue sendo negligenciada pela maioria dos vereadores. Na sessão virtual dessa terça-feira, um dos proponentes da matéria, o vereador Ildo Salvi (PSDB), tentou tocar no assunto. Mas foi imediatamente interpelado pelo presidente da casa legislativa, Lorival Silveira (PP), que impediu o colega de falar sobre o PL.

O argumento utilizado pelo presidente para “cortar” Salvi foi a suposta ausência da pauta no Boletim da Câmara – os vereadores precisam avisar com antecedência os temas a serem debatidos em plenário. O tucano garante que o assunto estava em pauta. Já o progressista insistiu na sua posição. Por fim, restou claro que a proposta incomoda a maioria dos vereadores, tanto de Situação como Oposição.


Cestas básicas

Em Lajeado, o assunto cestas básicas em tempos de pandemia esquenta os bastidores. A Câmara repassou valores do Legislativo (R$ 175 mil) para a compra deste material para famílias em vulnerabilidade.

Inicialmente, houve demora no encaminhamento do Projeto de Lei por parte do Executivo. Agora, a administração municipal teima em não responder questões básicas. Como por exemplo, a forma com a qual as cestas estão sendo distribuídas. De acordo com a resposta do Executivo, são informações “de caráter sigiloso”. É estranho. Dias atrás, ate foto de beneficiária foi divulgada no site da prefeitura.


Taborda decidida!

Situação curiosa em Encantado. O vereador Moacir Luiz Tramontini apresentou requerimento pedindo a regularização da “situação partidária da vereadora Jaqueline Taborda.” Em resposta, a colega apesentou outro requerimento, comunicando que “a partir de 20 de março passou a integrar a bancada do PSDB na Câmara de Vereadores”.


Professores com medo!

Lajeado, Encantado e, agora, Roca Sales. Nessas três cidades existe um problema em comum. Com o anunciado retorno de alguns profissionais das equipes diretivas da rede municipal de ensino, para o consequente reinício das atividades escolares – de forma virtual, e não presencial – ,o medo paira no ar entre os professores. Muitos temem eventual contato com os pais dos estudantes no momento de entregar os materiais de apoio.

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