Quando nossos antepassados chegaram ao Vale do Taquari, por volta de 1850, eles encontraram na mútua colaboração a chance de sobreviver e prosperar em meio às dificuldades no meio do mato. Juntos, com base na disciplina, solidariedade e fiéis aos princípios e respeito mútuo, construíram moradias, escolas, igrejas e abriram picadas. Um verdadeiro esforço em prol do coletivo.
Com o enfrentamento à covid-19, o Vale não segue o mesmo aprendizado de seus precursores. A falta de colaboração e indisciplina verificada em vários setores da sociedade dá sinais de negligência, desdém e certo egoísmo por parte dos habitantes da região.
Desde o princípio da chegada da pandemia ao Vale do Taquari, as autoridades públicas regionais têm realizado um esforço enorme para convencer a população sobre a importância de colaborar no distanciamento social.
Nas empresas, apesar do foco de contaminação, as normas de segurança e precaução foram endurecidas e com amplo acompanhamento das autoridades sanitárias e jurídicas. As escolas e o comércio foram fechados e grande parte dos setores econômicos se recolheu para desacelerar a contaminação.
Em casa, a população foi alertada para contribuir. Imprensa, autoridades, líderes educacionais e sociais aderiram ao apelo e incorporaram a luta para enfrentar o inimigo invisível. Passados alguns dias, os resultados se mostraram exitosos e o comércio foi restabelecido.
Contudo, a volta foi com cautela. O uso de máscaras e o distanciamento nas lojas e demais estabelecimentos foi uma prática adotada na maioria das cidades.
Diferente, o comportamento de precaução nos fins de semana afronta esta lógica, e muitas pessoas relaxam ou desrespeitam as orientações. Chimarreada entre vizinhos, aglomerações nos bares e canchas de bochas, sem uso de máscaras, foram uma constante nos últimos fins de semana. Nem parecia estarmos em época de pandemia.
Ontem, o governo do estado alertou para os riscos no Vale do Taquari. O comércio volta a fechar por uma semana, muito pela falta de colaboração de parcela da sociedade em geral. Infelizmente, as pessoas que ora estão desrespeitando as normas propostas podem estar com seus empregos ou de seus familiares ameaçados.
Às autoridades sanitárias e policiais, cabe rigor na fiscalização. Estabelecer regras mais duras aos infratores, inclusive com multa, é o que parece o único caminho sensato. Está na hora de aplicar o teor da lei e responsabilizar os poucos que avacalham e colocam em risco o coletivo.
Se ainda assim não conseguirmos apoio e colaboração, então temos de nos preparar para o pior, o que acarretará em desemprego e pobreza.
Espero que os nossos antepassados possam nos despertar e acordar para o espírito de cooperação, com menos individualismo e egoísmo.