Homenagem de portas fechadas

Editorial

Homenagem de portas fechadas

O feriado deste 1º de maio relembra os atos de industriários americanos contra jornadas de trabalho de 17h, em locais insalubres. Sem direitos, garantias ou sistema de saúde, vivam e morriam nas fábricas.

Homenagem de portas fechadas
Lajeado
oktober-2024

O feriado deste 1º de maio relembra os atos de industriários americanos contra jornadas de trabalho de 17h, em locais insalubres. Sem direitos, garantias ou sistema de saúde, vivam e morriam nas fábricas.

As manifestações pelas ruas de Chicago ecoaram pelo mundo. A força repressiva do Estado também. Os episódios ficaram conhecidos como a Revolta de Haymarket. Na Europa, franceses fizeram o mesmo e, aos poucos, a luta de classes equilibrou as responsabilidades.

Essa relação entre trabalho e capital criou conceitos, evoluiu e marca a história contemporânea da humanidade. Na literatura, o escritor Máximo Gorky tentou resumir o sentimento daquela época e escreveu: “A nova cultura começa quando o trabalhador e o trabalho são tratados com respeito”.

O mundo evoluiu. A ciência trouxe um novo modelo de vida. Com a tecnologia, os horizontes se ampliaram. O tempo e espaço encontraram um novo ambiente, conectado, instantâneo e quase real.

Todas as mutações sociais só foram possíveis graças ao trabalho. Em todas suas vertentes e condições. Daquele que constrói o edifício ao artista que fantasia a realidade. Do empreendedor que investe em uma ideia com o trabalhador que ajuda a realizar. O trabalho é a maior engrenagem humana.

Entender as diferentes funções e valorizar o esforço alheio, com jornada de trabalho e salário estabelecido como direito legal, representam condição básica para a estabilidade social. Justo quando esses acordos estão postos, uma epidemia global faz todos virarem 180 graus.

A incerteza preponderante nesses tempos acelera transformações e exige novas qualidades do trabalhador. De outra ponta, o pensamento do lucro, norte do conceito capitalista, não está preparado para contar corpos, pois nenhuma vida vale mais do que outra.
Em meio à mais profunda crise vivida pelo mundo nos últimos 100 anos, estabelecer os rumos do trabalho daqui pra frente exige muita transparência, honestidade e diálogo. Uma integração das forças. Dos governos, dos patrões e dos trabalhadores.
No meio dessa tempestade, a humanidade está diante de uma chance, um cavalo encilhado na escuridão. Mas para agarrar a oportunidade, precisa agir de outra forma. Neste Dia do Trabalhador, a melhor homenagem ocorre com portas fechadas.

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