Uva de excelência garante qualidade histórica

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Uva de excelência garante qualidade histórica

Alta graduação de açúcar e mais cor das frutas será o diferencial para produzir bebidas

Uva de excelência garante qualidade histórica
Uva com alto teor de açúcar, sem podridão e mais pigmento resulta em vinho de alta qualidade na agroindústria dos irmãos Rabaiolli. Créditos: Divulgação
Vale do Taquari

A sensibilidade das uvas aumenta na época de maturação. Com tempo bom e pouca chuva as frutas não arrebentam. Com isso deixam de criar acidez e o grão não apodrece.

Logo, as frutas chegaram à indústria com equilíbrio entre em acidez e concentração de açucares, taninos (substâncias presentes na casca da uva e que dão estrutura e corpo ao vinho) e pigmentos.

Na propriedade dos irmãos Rabaiolli, de Imigrante, a qualidade dos cachos colhidos trouxe otimismo, apesar da queda na produtividade. “A sanidade estava ótima. Teremos um produto final de excelência, com mais cor, mais açúcar, um produto completo. Isso vai refletir no aumento do preço”, antecipa Marciano.

Este ano foram colhidas 30 toneladas das variedades Concord e Bordô. Deste montante, 25 toneladas foram destinadas para fabricação de suco e o restante para vinho colonial.

Edições históricas

“Esta é a safra das safras de uva, uma das melhores entre décadas. Tivemos o equilíbrio perfeito entre produtividade e qualidade. O consumidor pode esperar por produtos excelentes, em especial por ótimos vinhos de guarda e espumantes ainda mais elegantes. Teremos grandes produtos e edições históricas de vinhos consagrados”.

É o que garante o enólogo-chefe da Vinícola Aurora, Flavio Zilio, que atua há 27 anos na maior cooperativa do segmento no país.

Neste ano, as mais de 1,1 mil famílias associadas à empresa de Bento Gonçalves colheram 61,9 milhões de quilos de uva para processamento, em 2,8 mil hectares de vinhedos.

“Houve uma retenção menor de água vegetal na fruta devido à seca, o que acabou aumentando o teor de açúcar natural da uva. Foi uma evolução maior do que esperado para o ano. A maturação e a sanidade da uva vão favorecer muito a qualidade dos produtos”, explica.

Com o volume colhido, aproximadamente 50 milhões de litros de bebidas serão elaborados. Do total, 36 milhões de litros (ou 60%) se transformarão em suco de uva tinto, 5,5 milhões em vinhos finos e outros 3,5 milhões em espumantes.

“É a safra das safras”

Emocionado com o que viu nesta colheita da uva, o presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Daniel Salvador, comemora o resultado. Segundo ele, o comportamento climático e as condições técnicas atuais foram determinantes para considerar esta safra a melhor de todos os tempos.

“Esta vindima foi bela, uma escultura, um monumento que a natureza nos deu. É um misto de alegria e satisfação que emociona. Não se faz um vinho sozinho. E este ano, a mãe natureza fez a sua parte de forma esplêndida. Agora, nós, enólogos, precisamos ter a sensibilidade e o conhecimento suficientes para gerar o melhor vinho com equilíbrio, sintonia”, destaca.

Conforme Salvador todo vinho tem uma longa caminhada. E com esta performance, certamente novos vinhos surgirão, com novas propostas, novos estilos, novas descobertas. “Chega a ser cinematográfico. Peguei um cacho de Merlot na mão e me emocionei. Me senti forte, realizado e inspirado para transformar esta uva no melhor vinho que já fiz na vida”, conclui.

Conforme Salvador, os anos de 1991, 1999, 2005 e 2012 registraram boas safras, mas a deste ano é bem superior em termos de qualidade. “A gente não recebeu uvas, recebeu uma preciosidade”, finaliza.

Sanidade excepcional

Na Serra Gaúcha, onde são cultivados 38 mil hectares da fruta, a queda na produtividade foi de 20% e chegou a 632 mil toneladas. Porém, a qualidade compensa em parte as perdas, segundo o engenheiro agrônomo Enio Ângelo Todeschini, de Caxias do Sul.

De acordo com ele, a graduação esteve acima da média, o que garante mais doçura, além da sanidade excepcional das frutas. “Vimos algo parecido nas safras de 2005 e 2012″.

Com a estiagem, os cachos ficaram livres de podridão. Ainda tivemos menos tratamento nos parreirais. A uva industrializada garante bons sucos, vinhos e excelentes vinagres”, avalia. As uvas colhidas apresentaram grau de açúcar de 18 em alguns casos. Na safra passada, não passou de 13.

O setor

Produção – 695 milhões de quilos (2020)

Produção – 403,61 milhões de litros (2019)

Vinícolas – 750

Movimentação financeira – R$ 3 bilhões por ano

15 mil produtores no RS

Área – cerca de 50 mil hectares

Fonte – Ibravin

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