O isolamento social devido à pandemia indica um consumo crescente de bebidas alcoólicas. Ainda que não existam dados estatísticos que comprovem esse movimento, a Organização Mundial da Saúde sugere aos governos a restrição na venda durante o surto de coronavírus.
A posição foi publicada em um artigo no portal da entidade e detalha que o exagero no consumo desses produtos fragiliza o sistema imunológico. Como consequência, há mais riscos das pessoas terem complicações em caso de contraírem o vírus.
“Neste momento, algumas mudanças na rotina levam a um aumento no consumo desses produtos. Uma delas é que com o confinamento, os dias ficam mais parecidos com o fim de semana”, argumenta o médico psiquiatra e professor da Univates, Roberto Pierobom Lima.
Na análise dele, a falta de convívio social e a própria solidão, gera angústias. “Para aliviar esse sentimento, muitas acabam bebendo. É como se fosse uma ‘automedicação’”. De acordo com ele, esse comportamento traz mais problemas do que um sentimento de satisfação.
“Quando estiver bebendo, a pessoa vai se sentir bem. Mas em seguida, ocorre o contrário, pois aumenta a angústia e tende a piorar sintomas depressivos”, explica.
Do ponto de vista do organismo, as bebidas alcoólicas desidratam o corpo e sobrecarregam o fígado, diz a nutricionista e professora da Univates, Juliana Buch Bertani. Isso traz oscilações na pressão arterial e impacta sobre o funcionamento de órgãos.
Os apontamentos dos profissionais da região vão ao encontro da posição defendida pela OMS, de buscar regrar o consumo de álcool. Conforme a organização, não há quantidade que possa ser considerada sem risco em caso de infecção.
Controlar o excesso
Ainda que o alerta seja mundial, o consumo de cervejas, vinhos e destilados é um hábito de muitas pessoas. Está associado a momentos de lazer, de encontro com amigos e familiares.
Para Pierobom Lima, não se trata de extinguir a bebida da rotina, apenas de regrar os momentos mais propícios para beber. Para ele, se deve evitar consumir álcool todos os dias, mesmo que a dose for pequena.
O consumo sistemático, diz, cria o hábito e pode desencadear a dependência.
Menos defesas
Juliana Buch Bertani tem especialização em patologias derivadas do consumo de álcool. Segundo ela, a substância age como um imunossupressor, reduzindo as defesas do organismo. “É como se o álcool tirasse as barreiras do organismo para infecções.”
O isolamento social também tem trazido desregramento na alimentação. “As pessoas estão comendo mais e pior. São alimentos calóricos, gordurosos e que podem desencadear complicações hepáticas e carência nutricional.”
Conforme a nutricionista, as pessoas devem procurar manter a rotina em casa. Seja nos horários para se alimentar, bem como nos exercícios físicos. Outro detalhe para se manter saudável é beber bastante água.