O 19 de abril foi atípico na Aldeia Kaingang do Coqueiro, em Estrela. O tradicional encontro entre tribos para celebrar o Dia do Índio com danças, comida típica e atividades esportivas foi cancelado em função do coronavírus. “Não podemos e nem temos o que comemorar. Estamos passando dificuldades”, resume o cacique Carlos Soares.
As comunidade indígenas da região estão entre as mais prejudicadas pela pandemia. Isoladas, elas não conseguem vender o artesanato típico e registram perdas na principal fonte de renda da tribo.
Conforme Soares, a sala de artesanato localizada às margens da BR-386 foi reativada faz cerca de três meses. As vendas estavam aumentando, mas foram canceladas de forma abrupta pela ameaça da covid-19. “Hoje estamos vendendo, mas as pessoas não vêm mais como antes”, afirma.
As vendas de rua em municípios como Lajeado, Santa Cruz do Sul e Porto Alegre também foram canceladas. Única fonte de renda que permanece na tribo são dos indígenas que trabalham em indústrias e os auxílios da Funai e Dnit.
O cacique destaca a dificuldade da comunidade indígena em conseguir alimentos e itens como fraldas pela diminuição na renda. “A gente precisa de ajuda. Tem famílias que viviam do artesanato e hoje estão sem nada”, lamenta.
A tribo tem cerca de 100 indígenas, sendo que a metade são crianças. Interessados em auxiliar ou adquirir os cestos e balaios produzidos de forma artesanal podem entrar em contato pelo (51) 99851-5165.
Dificuldade também em Lajeado
O prejuízo sem a venda do artesanato era estimado em até R$ 90 mil na Comunidade Indígena Kaigang da Aldeia Fosá, de Lajeado. A Páscoa era a principal data para a comercialização dos balaios, cestos, peneiras e vasos de flores.
Formada por cerca de 160 índios (quase 40% crianças e adolescentes), a comunidade também tem dificuldades de conseguir adquirir alimentos, produtos de higiene e itens de saúde. “Estamos com a aldeia isolada e tomando todos os cuidados”, afirmou o cacique Joel Vergueiro em entrevista para a Rádio A Hora.
Conforme o cacique, outras fontes de renda da tribo são do trabalho de índios em empresas e ajuda governamentais como o Bolsa Família e cestas básicas. Interessados em auxiliar a comunidade indígena de Lajeado ou adquirir os artesanatos podem entrar em contato pelo fone (51) 99786-1433.
A aldeia está localizada em uma área de 2,2 mil metros, no Jardim do Cedro. A comunidade tem projetos como o cultivo de árvores frutíferas nativas e capacitação que tem como intuito tornar a tribo autossustentável, servindo de referência para outras comunidades indígenas.