Desdenhar, depreciar, menoscabar, menosprezar, vilipendiar, ignorar, e, por fim, tentar rejeitar. Serão essas as ações de alguns vereadores de Lajeado diante da surpreendente proposta da bancada tucana, que sugere a extinção de 18 Cargos Comissionados (CC´s) da Câmara. Com outras alterações no quadro administrativo, a economia será de R$ 1,5 milhão ao ano. Ou seja, o projeto de lei que será protocolado nesta manhã vai incendiar os bastidores da política.
Uma das narrativas que certamente será utilizada pelos vereadores contrários à proposta é: Por que Mariela Portz (PSDB) e Ildo Salvi (PSDB) utilizam seus dois assessores e, faltando pouco mais de meio ano para o fim dos mandatos, decidem excluir uma dessas vagas de CC´s? É compreensível que alguns parlamentares utilizem essa retórica para balizar um voto contrário. Afinal de contas, não restarão muitos argumentos.
Mas não é justo culpar apenas os atuais representantes do povo. O problema iniciou lá no dia 13 de janeiro de 1993, quando os parlamentares daquela legislatura aprovaram a criação do cargo de Assessor Parlamentar. Nas matérias em jornais, diferentes argumentos. Waldir Gisch (PP) é o único vereador da atual legislatura que estava naquele plenário. Ele foi contrário ao projeto.
Passados 27 anos, a realidade é tragicômica. Hoje, Gisch também possui dois assessores parlamentares atuando em seu nome. No total, já são 42 Cargos Comissionados – 31 assessores diretos dos vereadores – no Legislativo lajeadense e apenas quatro concursados, um recorde constrangedor entre as cidades do Estado, mesmo que existam pessoas muitíssimo qualificadas atuando nestas funções. O problema, como sempre, é o exagero.
O Poder Executivo já cortou na própria carne ao diminuir de 14 para 11 secretarias municipais em dezembro de 2016, após acordo entre a atual e a administração anterior. Agora é a vez do Poder Legislativo cortar na própria carne e gastar ainda menos do vem gastando. Aguardemos!
Uma nova cultura
Em entrevista ao programa Frente e Verso, horas antes de assinar o decreto que liberou o comércio em Lajeado, o prefeito Marcelo Caumo (PP) falou sobre cultura. Mas não a cultura ligada propriamente à arte. Mas, sim, a cultura dos nossos hábitos rotineiros. A higiene constante e reforçada. O uso da máscara em locais públicos e privados. E o consumo mais consciente, evitando idas e vindas aos mercados, feiras e afins.
Questionado sobre os avanços nesses 15 dias de suspensão estadual do comércio, o prefeito avançou no tema. Sua conclusão foi além dos cinco novos leitos garantidos no HBB, dos 10 novos leitos de isolamento em Taquari, e até do anunciado “hospital de campanha” da Univates, onde 40 leitos podem ser disponibilizados. O chefe do Executivo lajeadense citou o “entendimento da causa” por parte da comunidade como a principal conquista!
Povo descontente!
Em Capitão, o povo está preocupado e entregou uma lista com mais de 1,2 mil assinaturas, provocando uma ação popular para baixar os salários dos vereadores para um salário mínimo nacional. A medida dificilmente será concretizada – o PL com os salários de 2021 já foi votado. Mas, demonstra que a sociedade civil está engajada em dividir a conta. E, depois da baixaria registrada na semana passada entre o presidente da Câmara Aires Daldon (MDB) e o vereador Marcos Gasparoto (PP) – e que pelo jeito vai passar em branco pela Comissão de Ética daquele plenário –, o documento tem ainda mais valor.
E o Judiciário, vai economizar?
O presidente da Câmara de Vereadores de Lajeado, Lorival Silveira (PP), provoca – e eu endosso. “O que mais me chama a atenção é que todo mundo fala do Executivo e do Legislativo, mas ninguém fala do Judiciário. É lá que estão os maiores salários”, disse o parlamentar, durante a sessão virtual de terça-feira. Leitores e ouvintes do Grupo A Hora também esperam um posicionamento de Juízes, Promotores, Desembargadores e demais.
Comprar o que é nosso!
As administrações municipais precisam mexer os pauzinhos e agitar a campanha de consumo local em suas respectivas cidades. A pioneira é Forquetinha, que lançou nesta semana o projeto “Compre Aqui”, incentivando a compra de produtos locais. É momento para a Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), imprensa regional e iniciativa privada unirem esforços para propagar essa ideia. Todos têm a ganhar!
Errei!
Diferentemente do que foi publicado ontem, o prefeito de Arroio do Meio, Klaus Schnack (MDB), utilizou sim o site oficial do município para divulgar a redução salarial de 40% no próprio salário, de 30% nos vencimentos da vice-prefeita, 20% nos salários dos secretários e de 10% para todo o quadro de CC´s, gerando uma economia superior a R$ 230 mil. Mas, independentemente disto, o nobre gesto do gestor é digno de aplausos!