Com o fechamento do comércio, lojas ficam sem vender, o dinheiro não entra, mas os boletos continuam a chegar. Uma das maiores preocupações dos comerciantes no momento é o custo do aluguel.
Sócio de uma franquia de lojas de calçados, Nilton Colombo tem duas lojas na rua Júlio de Castilhos. Os dois imóveis são alugados faz mais de dez anos. Em negociação com os proprietários, ele conseguiu uma redução de 50% no valor do aluguel.
No seu caso, a boa relação mantida com os proprietários foi determinante na negociação. “Sempre mantivemos uma boa parceria e, no momento de dificuldade, eles têm se mostrado bastante sensíveis. É um momento difícil, mas vai passar”, diz.
Negociação é necessidade
Dono de um loja de artigos esportivos, Décio Manuel Flach ainda não conseguiu fazer contato com o proprietário. No início de maio, vence o aluguel de abril. Para o comerciante, sem uma redução no valor, não será possível garantir o pagamento.
“Com certeza, sou obrigado a fazer. Vai vencer o aluguel de abril e não tenho como pagar, chance nenhuma. Primeiro a gente tem que honrar o compromisso com os funcionários”, diz. No seu caso, ele afirma que o aluguel representa 10% dos custos fixos mensais.
90% das tratativas dão resultado
A média da redução negociada os alugueis referentes a março ficou entre 10% e 30%, de acordo com o delegado de Lajeado do Secovi, sindicato que representa imobiliárias e corretores, e sócio de uma imobiliária, Marco Aurélio Munhoz.
Ele afirma que a grande maioria dos inquilinos que busca negociação é de imóveis comerciais e que cerca de 90% das negociações atingem algum resultado.
“Neste momento, é necessário bom senso. Estamos analisando os casos individualmente, mês a mês, porque a gente não sabe o tamanho da crise. Em 25 anos de empresa, eu nunca tinha visto algo assim”, avalia.
CDL orienta negociação
De acordo com o presidente do CDL Lajeado, Aquiles Mallmann, entre 80% e 85% das lojas da cidade funcionam em pontos alugados. De acordo com levantamento da entidade, feito no ano passado, a rua Júlio de Castilhos tem o segundo metro quadrado mais caro do interior do estado.
“É uma hora de negociar com calma com os proprietários. Já instruímos nossos associados em negociação de até 50% de desconto. Tem gente que está fazendo de não cobrar nesses dias, porque já estamos fechados a 25 dias”, diz.