Páscoa com sabor caseiro

Comportamento

Páscoa com sabor caseiro

Tradição de fazer bolachas e ninhos é passada de pais para filhos há gerações

Páscoa com sabor caseiro
Vale do Taquari

Muito carinho, diversão e boas risadas são os ingredientes da Páscoa da família Lenz. Todos os anos, eles se reúnem algumas semanas antes da data para preparar bolachas e montar ninhos com doces e chocolates.

As primas Camille Lenz da Silva, 26, e Carolina Schmidt Lenz, 19, participam desde criança da tradição, que envolve cerca de 40 pessoas. São os filhos da avó Hedy, seus maridos e esposas, os filhos deles, netos, enteados, namorados, e por vezes até alguns amigos da família.

Tudo inicia com o Milton, pai da Carolina, responsável por fazer a massa das bolachas durante a noite, para que ela tenha tempo de crescer. Na manhã seguinte, Milton e o irmão Carlos acendem o fogo no forno de tijolos. Quando o restante da família chega, inicia a produção.

A turma se divide e cerca de 20 pessoas abrem e cortam a massa das bolachas de merengue com formas temáticas, explica Carolina. Enquanto isso, outras cinco ficam responsáveis pelas bolachas de manteiga. O trabalho vai até perto do meio dia, quando todos param para almoçar. Depois do almoço, é feito o merengue que irá decorar as bolachas já assadas.

As crianças são incentivadas a participar desde pequenas e, quando crescem, cada um se direciona para a tarefa que mais gosta. “O curioso é que muitos seguem o caminho dos pais. Eu, por exemplo, atuo na limpeza dos doces, assim como minha mãe. O Augusto, irmão da Carolina, trabalha com o pai dele na fornalha e recolhendo os doces. É bem engraçado de ver”, conta Camille.

De geração para geração

Segundo Camille, a mãe Helga conta que algumas das formas utilizadas para cortar a massa foram feitas pelo seu bisavô. Na infância da mãe, as bolachas não eram pintadas. Durante a noite, os mais velhos coloriam os doces e as crianças subiam em uma parede de tijolos para tentar descobrir quem eram os “ajudantes do coelho” que faziam o trabalho. “A minha bisavó já fazia os doces, então a receita tem, no mínimo, uns cem anos”, acredita Camille

Os ninhos são montados na véspera da Páscoa e escondidos durante a madrugada no pátio do condomínio onde parte da família reside, em Lajeado. No domingo, cada um procura o seu. Os esconderijos são sempre os mais inusitados. “Dentro da caixa d’água, embaixo de lajotas, enterrados no chão, dentro do galinheiro. Tem que ter bastante criatividade para encontrar o seu”, brinca.

Em função da quarentena, a família não poderá se reunir nesta Páscoa, uma vez que muitos têm mais de 60 anos e fazem parte do grupo de risco. Porém, o costume não deve acabar se depender das primas e, no Natal, a família estará reunida mais uma vez para celebrar todos juntos.

Para Camille, a tradição representa um momento de união. “Considero super importante, pois são oportunidades de manter vivas as culturas e tradições dos antepassados, de contar histórias e ter momentos para lembrar junto com quem amamos”. Carolina acredita que a tradição ajuda a manter o espírito da família. “Mesmo sem a vó, que era o grande motivo pelo qual nos reunimos, queremos continuar todos juntos e cultivar a nossa tradição, também em memória a ela”.

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