Os cinco casos comprovados de trabalhadores da Companhia Minuano de Alimentos de Lajeado colocam autoridades em alerta. O Comitê de Contingenciamento acompanha a situação e as medidas para evitar contágios na unidade que fica no bairro Moinhos.
Integrante da organização, o Ministério Público (MP) notificou a empresa para apresentar medidas adotadas para evitar contágios na empresa. “Nas reuniões do comitê, surgiu a preocupação de que houvesse um crescimento dos casos após as primeiras confirmações”, conta o promotor Sérgio Diefenbach.
Após o primeiro contato com a empresa, o MP recebeu um documento com informações sobre os movimentos da Minuano para garantir a saúde dos trabalhadores. De acordo com Diefenbach, comprovaram cumprir as orientações com relação a higienização, afastamento de estado, redução do contato entre pessoas. Faltou uma determinação exigida pelos órgãos sanitários, diz o promotor. Justamente os testes em trabalhadores com suspeita da doença.
A empresa aceitou custear os exames, mas há falta em todo o país. Com isso, a promotoria estendeu o prazo por mais 48 horas. Essa determinação vence nesta sexta-feira.
Em um primeiro momento, diz Diefenbach, a empresa havia comprado esses testes, mas foram retidos pelos governos. “A empresa nos diz que continua a procura dos exames. Enquanto não consegue, mantém um controle de saúde, com identificação de pessoas com qualquer sintoma gripal e consequente afastamento das funções”, relata o promotor.
Pelo decreto estadual, a indústria alimentícia faz um serviço essencial e permanece em atividade. Estima-se que a unidade opere com 60% do quadro funcional. Nesta semana, a Minuano informou que são 700 trabalhadores afastados. Destes, há 250 com sintomas gripais e outros 450 integrantes do grupo de risco que foram afastados. A recomendação para todos é que fiquem em isolamento domiciliar.
“Estamos no escuro”
Sem uma amostragem precisa da situação de contágio na indústria, não há condições de estabelecer o que deve ser feito, realça o promotor Diefenbach. De acordo com ele, se houver uma evolução em confirmações de contágios, uma das medidas seria o fechamento da empresa. “Todos querem evitar isso. O município, os serviços de saúde, o comitê. A falta de testes expõe uma carência geral do país. Estamos no escuro. Não sabemos se vai aumentar ou diminuir o número de casos.”
Para ele, dentro do contexto de não haver testes, a indústria não pode ser responsabilizada. “Não é culpa da empresa. É o contexto mundial.” Caso a Minuano não consiga os testes dentro do prazo estabelecido, será feita uma nova reunião do comitê municipal para debater alguma alternativa.
Em nota, a empresa informa: “após a confirmação de novos casos em nosso quadro de colaboradores, a Minuano comunica que os mesmos já haviam sido afastados para o isolamento domiciliar no dia 30 de março, prestando aos mesmos, toda a assistência que se faz necessária”.