As medidas de isolamento social associada ao fechamento de serviços e de negócios não essenciais provocaram um declínio de 72% na receita do varejo. É o que afirma levantamento da Fecomércio, apresentado ao governo do Estado.
Diante do quadro de crise no setor, o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, alerta para o risco de fechamento das empresas e aumento do desemprego. Em reunião nessa terça-feira com o governador Eduardo Leite, a Fecomércio e a Assembleia Legislativa entregaram a sugestão de um protocolo de segurança para retomada gradual do comércio no Rio Grande do Sul.
Dados das Notas Fiscais Eletrônicas (NFC-e), divulgados pela Secretaria Estadual da Fazenda, apontam para uma retração de 72% na receita do varejo frente à média histórica.
Os dados foram compilados pela Fecomércio\Sesc e Senac. De acordo com a federação das lojas, esse impacto se refere à segunda semana após a publicação do decreto estadual que estabeleceu o distanciamento social. O cálculo das entidades exclui os segmentos de alimentos e higiene, que permanecem em funcionamento.
Novo padrão de trabalho
A federação mostrou ao chefe do Piratini como as medidas de distanciamento social prejudicam todo o setor. Nos cálculos do dirigente, das 500 mil empresas associadas, cerca de 300 mil são pequenas e médias, as primeiras a sentirem os prejuízos pelo fechamento.
“Precisamos encontrar uma forma de conter a aceleração do contágio sem que isso inviabilize o trabalho das pessoas que dependem do comércio e dos serviços para se manter”, defende Bohn.
Na avaliação do presidente da Fecomércio, medidas de segurança já são adotadas em outros setores. Tais práticas podem ser adotadas nos estabelecimentos. “Vamos fortalecer a prevenção para reduzir perdas devido à doença e também pela falta de emprego e renda”, sustenta.
O presidente do parlamento gaúcho, Ernani Polo (PP), frisa que não se trata de um retorno à normalidade, mas de um novo padrão de funcionamento estabelecido a partir de análises técnicas.
Como resposta, o governador Eduardo Leite afirmou entender a preocupação do setor com o desemprego e a queda de renda. Segundo o chefe do Executivo, a equipe analisa dados das instituições de saúde sobre a evolução do contágio para tomar decisões quanto ao funcionamento do comércio. Em um primeiro momento, a suspensão dos serviços permanece até o dia 15 de abril.
Inadimplência recorde
Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Lajeado (CDL), Aquiles Mallmann, a inadimplência de 26,6% nos estabelecimentos da cidade é fruto das medidas de isolamento e fechamento das lojas. “Os clientes não tem como pagar as contas”, afirma.
Pelos cálculos da entidade, o índice é o maior em 18 meses. Em outubro de 2018, a inadimplência passou os 29%. A expectativa da entidade é que as lojas possam reabrir a partir do dia 15 de abril. “O aumento dessa inadimplência vai passar. Estamos elaborando uma campanha com os lojistas para revertemos essa situação.”
Em Taquari e Tabaí, cidades onde há confirmações de contágios, o presidente da CDL, Cesar Marques Fazenda, não tem índices precisos da inadimplência, mas acredita que serão elevados. “As lojas não estão recebendo o crediário, somando-se ao fato de que o fechamento ocorreu também na época de pagamento dos salários.”
De acordo com ele, com o fechamento das lojas, o setor de restaurantes também perdeu a maioria dos seus clientes, pelo fato de serem comerciários. A expectativa da CDL Taquari\Tabaí é de reabertura no dia 15 de abril. Mas Fazenda não descarta que o decreto estadual seja prorrogado até o dia 22. “O fechamento de empresas bem como o aumento do desemprego serão inevitáveis”, lamenta.