Autoridades alertam para risco de violência contra mulher

Família e quarentena

Autoridades alertam para risco de violência contra mulher

Rede de atendimento, com participação da Polícia Civil, Brigada Militar, servidores municipais, judiciário e promotoria de Justiça cria canal para denúncias de agressões. Em março, foram 58 medidas protetivas que afastaram agressores das mulheres em Lajeado

Autoridades alertam para risco de violência contra mulher
Vale do Taquari

A maneira defendida pelos cientistas para impedir o avanço no contágio pelo coronavírus, o isolamento social também provoca uma situação de risco para mulheres vítimas de violência. Conviver mais tempo com o agressor ocasionou uma elevação no número de ocorrências em todos os países atingidos pela pandemia.

No Vale do Taquari, a Delegacia da Mulher, a Brigada Militar, o Ministério Público e o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CRAM) ampliaram os mecanismos para se aproximar das vítimas e tentar evitar crimes.

A rede de apoio expandiu as visitas da Patrulha Maria da Penha e também criou uma campanha chamada “Você está em casa, mas não estão sozinha”. Além de plantões 24h por meio de telefones e pelo whatsApp, a Polícia Civil também autorizou o registro de ocorrência para casos de violência de gênero pela internet.

De acordo com a delegada da Mulher, Márcia Bernini Colembergue, nas quase três semanas de isolamento nas cidades da região, ainda não há uma estatística clara se houve ou não aumento no número de crimes de gênero.

No entanto, alerta para uma possível incidência dessas ocorrências com mais tempo de quarentena. A delegada argumenta ainda que devido ao período de crise e de instabilidade, muitas mulheres deixam de denunciar as agressões devido à dependência financeira. “Por vezes, recebemos informações e vamos averiguar. Mas a vítima, ainda que confirme alguma agressão, prefere não representar o processo.”

Ainda assim, diz Márcia, tanto a Polícia Civil quanto a Brigada Militar seguem monitorando o caso. Apesar das mudanças no atendimento, a delegada afirma que a rede de proteção continua ativa. Ela destaca a agilidade com que as medidas protetivas (recurso que afasta o agressor da vítima por meio de decisão judicial) estão sendo adotadas nesse período de isolamento social.

“Quando recebemos alguma informação de que há uma ocorrência em andamento, a patrulha Maria da Penha tem sido muito ágil”, elogia Márcia. As estatísticas oficiais quanto a ocorrências de violência doméstica serão conhecidas entre o dia 10, sexta-feira, ou no início da próxima semana.

A data é prevista pela Secretaria Estadual de Segurança Pública para atualização dos índices criminais no RS.

Em uma consulta extra-oficial, com base nas ocorrências da Delegacia da Mulher, em março foram 30 registros por ameaça. Em termos de medidas protetivas, foram solicitados 58 afastamento de suspeitos de agressões ao judiciário.

Atendimento em Lajeado

O município dispõe do Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram). Se trata de uma estratégia para enfrentar casos de violência de gênero. Com um trabalho em rede, atua de forma articulada com instituições governamentais e não governamentais.

O objetivo primário das intervenções é encerrar a situação de violência vivenciada pela mulher, de forma que ela fortaleça sua auto-estima e tome decisões. Em 2019, foram realizados 400 atendimentos. Até março, o centro acompanhava 183 mulheres vítimas de violência.

De acordo com a assistente social Magda Rigo, nas quase três semanas de isolamento, o Cram não verificou aumento na procura por atendimento.

No país

Enquanto os números oficiais com relação ocorrências de violência contra a mulher no RS e no Vale do Taquari ainda não são conhecidos, no país, de acordo com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, houve uma elevação de 50% nos casos envolvendo agressões por maridos, namorados ou companheiros.

A estatística se refere ao serviço Ligue 180. De acordo com a delegada Márcia, isso não significa que as informações tornam-se processos. A listagem do ministério mostra que a média diária de ligações para o serviço, entre os dias 1º e 16 de março, foi de 3.045 contatos, com 829 denúncias.

Nos dias subseqüentes, de 17 até 25, foram mais de 3,3 mil ligações com 978 denúncias. Ainda assim, os técnicos afirmam que se trata de um período curto, e que são necessárias mais informações para medir se houve ou não aumento de casos de violência doméstica. Ainda assim, se comparado ao mesmo período do ano passado, o crescimento de contatos se aproxima dos 10%.

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