A brincadeira em tom de apreensão partiu de um dos tantos empresários preocupados com a incerteza. A alusão aos ensinamentos do folclórico personagem “Sr. Miyagi” foi uma forma bem humorada de ilustrar as ações mais recentes dos governantes. Fecha comércio, abre comércio. Libera e depois suspende atividades. Tira a máscara, bota a máscara. Tudo muda em poucas horas. E isso piora ainda mais o nosso sombrio cenário socioeconômico.
Especificamente no Vale do Taquari, a terça-feira foi de intensos e ríspidos debates entre prefeitos, secretários, empresários, comerciários, imprensa e sociedade civil em geral. Na reunião da Amvat, os gestores públicos decidiram, após votação, pela reabertura parcial e com restrições dos respectivos comércios. Cidades maiores, como Lajeado e Teutônia, decidiram pela manutenção do decreto de suspensão. E tudo isso caiu por terra horas depois.
O governador Eduardo Leite foi ao Facebook anunciar um novo decreto, suspendendo o comércio em todo o Estado por mais duas semanas. Tão logo o discurso virtual acabou, as mensagens entre empresários passaram a correr de forma ruidosa nos mais diversos grupos de WhatsApp. São áudios que denotam extrema preocupação e também uma boa dose de ironia direcionada à classe política, cujos salários seguem em dia.
Serão dias difíceis. Esse insistente movimento de “bota casaco e tira casaco” precisa ser resolvido o quanto antes. Afinal, logo entraremos no rigoroso inverno gaúcho, e será preciso fazer muito mais esforços e sacrifícios em todos os segmentos para escaparmos vivos, saudáveis e financeiramente seguros. Ah, e será preciso que toda a classe política corte da “própria carne” nesses meses de dificuldade.
Construtores incomodados!
Há um ruído entre parte do empresariado ligado à construção civil e o Governo de Lajeado. Tudo em função do último decreto assinado pelo prefeito Marcelo Caumo, na terça-feira, que manteve a suspensão do comércio privado local. No documento, apenas a liberação para os serviços de manutenção e reparos “indispensável para atender as necessidades básicas de habitação, mobilidade, saneamento básico, educação, segurança e saúde”.
Em algumas cidades vizinhas, e também em âmbito estadual, a construção civil vem sofrendo menos restrições em relação ao decreto lajeadense desde o início das ações de combate ao coronavírus. E essa é uma das principais queixas dos empresários. Caumo, é bem verdade, é pressionado por todos os segmentos da economia na cidade. Uns estão mais organizados, outros nem tanto. Certo ou não, não será tarefa fácil segurar a pressão.
Comissões virtuais
A câmara de vereadores de Lajeado realizou na manhã de terça-feira a segunda reunião das Comissões por videoconferência. Os parlamentares utilizaram a ferramenta Hangouts Meet. Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, Carlos Ranzi (MDB) conduziu o encontro virtual. Sete projetos foram analisados e seis foram liberados para votação. O único projeto da pauta que não foi liberado foi o PL 025, que autoriza o Executivo a realizar a cedência da servidora Bruna Salles para o Ministério do Meio Ambiente. Ela é filiada ao Partido Novo.
Compre o que é nosso!
Valorizar os produtos e serviços locais e recuperar a nossa economia é um dos propósitos da campanha “Compre o que é nosso”. É um movimento global que urge dos impactos da pandemia nos consumidores. A constatação é da Nielsen, empresa que analisa os efeitos semanais da Covid-19 nas vendas de produtos de amplo consumo. Hoje, 54% das pessoas adquirem marcas locais em maior quantidade no mundo todo, e 11% só compram produtos de marcas regionais.
Sinergia e atraso
Durante entrevista ao programa Frente e Verso, o prefeito de Taquari, Emanuel Hassen de Jesus (PT), o “Maneco”, reforçou a união entre os partidos políticos neste momento de crise humanitária. Ele elogiou a atitude do governador Eduardo Leite (PSDB) e defendeu todos os pontos do mais novo decreto assinado nessa terça-feira, principalmente no que tange a suspensão do comércio até o dia 15 de abril. Mas ele cutucou. “Está atrasado.”
CEOP inaugurado
O Governo de Encantado inaugurou o Centro de Operações Encantado (Ceope) com uma bênção do padre Hermes Perguer. O ato simbólico foi feito sem festividades devido às precauções contra o Covid-19. O espaço no bairro São José tem 10 mil metros quadrados de área e receberá o setor administrativo da Secretaria de Obras Públicas, os almoxarifados de todas as secretarias, a central de abastecimento de todos os veículos, garagem de todos os veículos, oficina mecânica, serralheria e marcenaria. A obra custou R$ 5 milhões.
Quem divulga?
Secretário de Saúde de Estrela e pré-candidato a prefeito municipal, Elmar Schneider (PTB) está preocupado com a publicidade das ações de combate ao coronavírus. Ele criticou o card divulgado pelo Governo Municipal, utilizado para informar e atualizar os números de pacientes suspeitos ou contagiados.
Em uma postagem no Facebook, publicada por um servidor público, Schneider cobrou mais reconhecimento aos funcionários da saúde. “Sugiro que seja colocado o logo da Secretaria de Saúde. Afinal são profissionais da Saúde que fornecem esses dados”. O fato tem relevância. Este não é o primeiro atrito institucional relacionado ao tema aqui na região.