Situação de emergência afeta 18 cidades

Estiagem

Situação de emergência afeta 18 cidades

Enquanto produtores acumulam prejuízos da estiagem, entidades cobram medidas do governo federal

Situação de emergência afeta 18 cidades
Na ponte sobre o Rio Fão, o nível da água evidencia a gravidade do fenômeno, considerado o pior desde 2011
Vale do Taquari

O calor extremo das últimas semanas amplia perdas no campo e provoca racionamento de água em várias cidades, como é o caso de Imigrante e Boqueirão do Leão.

Na região, 18 municípios já decretaram situação de emergência. Destes, seis tiveram os processos homologados pela União. A queda na produção deverá ter impacto direto na economia e preocupa gestores.

Temos 7,5 mil vacas e uma produção de 2,7 milhões de litros por mês. Com menor oferta, deixa de circular R$ 1,9 milhões”, calcula o prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup. As perdas com a seca passam de R$ 14 milhões.

Da mesma preocupação compartilha o secretário da Agricultura de Estrela, José Adão Braun, onde os prejuízos somam R$ 22 milhões. “A apreensão entre os produtores é grande. Vamos ter um impacto grave na economia”, observa.

Menos lucro e mais custos

Em Três Saltos Alto, interior de Travesseiro, até domingo a média de chuva chegou a apenas 30 milímetros. Com isso, uma das fontes que abastecia a propriedade de Tiago Fucks, 21, e a pastagem que alimenta o rebanho de 13 vacas, secou. “Por dia a produtividade caiu 60 litros. E a ausência de pasto verde, aumenta o custo com ração”, explica.

O quilo está bem mais caro em virtude da quebra na safra de milho e soja. Saltou de R$ 1,15 em novembro para R$ 1,32 em março.

Conforme levantamento do chefe do escritório da Emater, Carlos Dexheimer, o município teve uma área plantada de 1,1 mil hectares, com a produtividade prevista de 36,5 toneladas por hectare. “A queda chega a 50%, um prejuízo de R$ 3,6 milhões. No setor leiteiro a estimativa de perda é de 30%, totalizando 900 mil litros ao mês e perda financeira de R$ 1,1 milhão”, calcula.

“A falta de chuva vai persistir”

Conforme o gerente regional adjunto da Emater, Carlos Lagemann, da Emater Regional de Lajeado, as perdas nas culturas de soja, milho grão e silagem e arroz chegam a 40%, 36% e 20%, respectivamente. “Em Lajeado o prejuízo passa de 65% nas lavouras de soja e com a falta de chuva a situação só piora. Além da menor produtividade, a qualidade é inferior”, comenta.

Com queda na produção o prejuízo financeiro deve chegar a R$ 58 milhões, apenas na soja. “Aliado à pandemia do coronavírus, teremos um ano muito difícil para nossos agricultores”, prevê.

Agricultura agoniza

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) criticou a falta de ações da União para produtores afetados por efeitos da pandemia e da estiagem.

O presidente Carlos Joel da Silva questiona os motivos pelos quais o governo ainda não atendeu a pauta sobre a falta de chuva, anunciando medidas para socorrer quem produz alimentos para a nação.

“A agricultura não é importante à sociedade? Vemos agricultores agonizando e sofrendo a cada dia mais na espera de um anúncio que possa deixá-los respirar mais um pouco”.

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