O calor extremo das últimas semanas amplia perdas no campo e provoca racionamento de água em várias cidades, como é o caso de Imigrante e Boqueirão do Leão.
Na região, 18 municípios já decretaram situação de emergência. Destes, seis tiveram os processos homologados pela União. A queda na produção deverá ter impacto direto na economia e preocupa gestores.
Temos 7,5 mil vacas e uma produção de 2,7 milhões de litros por mês. Com menor oferta, deixa de circular R$ 1,9 milhões”, calcula o prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup. As perdas com a seca passam de R$ 14 milhões.
Da mesma preocupação compartilha o secretário da Agricultura de Estrela, José Adão Braun, onde os prejuízos somam R$ 22 milhões. “A apreensão entre os produtores é grande. Vamos ter um impacto grave na economia”, observa.
Menos lucro e mais custos
Em Três Saltos Alto, interior de Travesseiro, até domingo a média de chuva chegou a apenas 30 milímetros. Com isso, uma das fontes que abastecia a propriedade de Tiago Fucks, 21, e a pastagem que alimenta o rebanho de 13 vacas, secou. “Por dia a produtividade caiu 60 litros. E a ausência de pasto verde, aumenta o custo com ração”, explica.
O quilo está bem mais caro em virtude da quebra na safra de milho e soja. Saltou de R$ 1,15 em novembro para R$ 1,32 em março.
Conforme levantamento do chefe do escritório da Emater, Carlos Dexheimer, o município teve uma área plantada de 1,1 mil hectares, com a produtividade prevista de 36,5 toneladas por hectare. “A queda chega a 50%, um prejuízo de R$ 3,6 milhões. No setor leiteiro a estimativa de perda é de 30%, totalizando 900 mil litros ao mês e perda financeira de R$ 1,1 milhão”, calcula.
“A falta de chuva vai persistir”
Conforme o gerente regional adjunto da Emater, Carlos Lagemann, da Emater Regional de Lajeado, as perdas nas culturas de soja, milho grão e silagem e arroz chegam a 40%, 36% e 20%, respectivamente. “Em Lajeado o prejuízo passa de 65% nas lavouras de soja e com a falta de chuva a situação só piora. Além da menor produtividade, a qualidade é inferior”, comenta.
Com queda na produção o prejuízo financeiro deve chegar a R$ 58 milhões, apenas na soja. “Aliado à pandemia do coronavírus, teremos um ano muito difícil para nossos agricultores”, prevê.
Agricultura agoniza
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) criticou a falta de ações da União para produtores afetados por efeitos da pandemia e da estiagem.
O presidente Carlos Joel da Silva questiona os motivos pelos quais o governo ainda não atendeu a pauta sobre a falta de chuva, anunciando medidas para socorrer quem produz alimentos para a nação.
“A agricultura não é importante à sociedade? Vemos agricultores agonizando e sofrendo a cada dia mais na espera de um anúncio que possa deixá-los respirar mais um pouco”.