Em Boqueirão do Leão, o agricultor Arnildo Dapont, 63, estima perda de R$ 3 mil por hectare de milho. A expectativa era colher 450 sacas nos três hectares cultivados. Com a estiagem, e quebra passa de 65%.
“Além de perder dinheiro com os insumos e mão de obra, deixo de ganhar com a venda dos grãos”, lamenta. Dapont vai usar parte das lavouras para silagem, diante da falta de espigas e grãos em boa parte da produção.
Enquanto as lavouras “ardem” e os prejuízos se acumulam no campo, o governo do estado e entidades representativas buscam junto ao Ministério da Agricultura soluções para amenizar as perdas.
O último levantamento da Emater aponta um rombo financeiro de R$ 4,84 bilhões nas lavouras. Diante do cenário grave, o secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho espera por um desfecho da situação na próxima semana.
Um grupo de trabalho criado para tratar do tema luta contra o tempo para aprovar as medidas sugeridas junto ao Ministério da Economia. “A pandemia prejudicou, mas vamos nos reunir on-line com os líderes do ministério que precisa autorizar alguns pedidos e encaminhar ao Conselho Monetário Nacional (CMN)”, destaca. A reunião ocorre na segunda-feira e ainda terá participação de líderes do Banco do Brasil e BNDS.
A prioridade é a prorrogação dos prazos de pagamento de financiamentos feitos pelo produtor para custeio e investimentos na última safra (equipamentos, maquinários, sistemas de irrigação entre outros).
Linhas de crédito
Outra demanda é a liberação de uma linha de crédito para cooperativas, cerealistas e revendas de insumos que financiaram produtos diretamente para produtores.
“Pedimos uma a criação de uma linha de crédito emergencial para agricultores familiares com teto máximo de R$ 30 mil e prazo para pagamento de 10 anos, para recuperação e manutenção das atividades produtivas da propriedade rural”, antecipa.
Para Covatti ainda não é possível projetar o tamanho do prejuízo, mas reconhece que será multibilionário. Em 2019, o PIB gaúcho cresceu 2% e quem sustentou essa alta foi o setor agropecuário, que teve incremento de 6,2% naquele ano. Somos um pilar de sustentação da economia gaúcha, e os impactos da estiagem serão muito grandes para um Estado que já vinha sofrendo de graves problemas financeiros, lamenta.
Oferta de milho
Entre as ações já colocadas em prática cita o Programa de Sementes Forrageiras. Serão R$ 6,6 milhões em recursos e que beneficiam 15.981 agricultores em mais de cem municípios. “Com isso o produtor de leite terá incentivos como se reerguer”, acredita.
Outra medida concreta destacada por Covatti é a oferta de milho para venda a balcão, com preços mais atrativos. Foram confirmadas 8,5 mil toneladas, sendo que na próxima semana chegam ao estado 2,5 mil toneladas.
A compra será liberada pela Conab para produtores de leite, aves e suínos, com a vantagem de eliminar o custo do frete, pois o grão será trazido do centro-oeste.
Situação de emergência
Na região, 16 cidades já decretaram situação de emergência. Esta semana entraram na lista Teutônia com R$ 14.201.319,00, e Encantado. Em ambos há prejuízos em todas as culturas, especialmente nas atividades de produção de leite, soja, milho grão e milho silagem.
Apenas seis conseguiram homologação do processo pela União. Outra preocupação é com a falta de água. Boqueirão do Leão decretou racionamento com o agravamento da falta de chuva.
Decretos homologados
Mato Leitão
Boqueirão do Leão
Progresso
Arroio do Meio
Cruzeiro do Sul
Doutor Ricardo
Em análise
Forquetinha
Capitão
Canudos do Vale
Arvorezinha
Putinga
Santa Clara do Sul
Teutônia
Estrela
Encantado
Westfália