A preocupação com a segunda onda da pandemia no Brasil é mais do que legítima. Além dos graves impactos que o coronavírus pode causar na saúde da população, as consequências econômicas da paralisação das atividades ameaça jogar o país em uma profunda depressão.
Além do esforço para achatar a curva de crescimento de casos no país para que não ocorra o esgotamento do sistema de saúde nacional, é fundamental um plano de proteção e recuperação para a economia brasileira. Urgem medidas capazes de mitigar os efeitos inevitáveis, de modo a auxiliar os empreendedores e os trabalhadores dos diferentes segmentos em meio à crise sem precedentes.
Economistas das mais diversas vertentes são unânimes sobre a urgência de uma estratégia efetiva para tentar abrandar os impactos de ordem econômica. Preservar os empregos, evitar a falência de empresas, postergar o recolhimento de impostos e oferecer linhas de financiamentos e empréstimos a juros baixos estão entre as sugestões.
Matéria desta edição, por exemplo, aborda as turbulências enfrentadas por um dos setores que mais empregam no Vale do Taquari: o ramo calçadista. Com o comércio fechado, a demanda por calçados caiu em cerca de 50%. Atelies e fábricas paradas em função dos riscos de contágio e dificuldades para a obtenção de insumos devido à paralisação industrial compõem um cenário de apreensão, que tende a resultar em centenas de demissões já nas próximas semanas.
Infelizmente, até o momento, pouco ou nenhum plano efetivo foi apresentado pelo governo federal para evitar o colapso. Pelo contrário, as manifestações recentes do presidente da República contradisseram as orientações da própria equipe técnica do Ministério da Saúde e agravaram a crise ao entrar rota de choque com os demais entes federados.
Muito antes de rusgas e troca de farpas entre as autoridades, o país precisa de racionalidade, equilíbrio e inteligência. O momento é delicado e exige cooperação e ações articuladas. A crise federativa que se instaurou a partir da tática do confronto exercida pelo governo federal em nada contribui para o Brasil superar essa conjuntura.