Principal pilar da economia gaúcha e regional, o setor primário vive momento de grande apreensão. O cenário já preocupante instaurado em dezembro ficou ainda mais grave nos primeiros meses de 2020. Diante da previsão de chuvas expressivas apenas para o segundo semestre, há uma tendência real de que a estiagem avance para o status de seca.
Lavouras queimadas, açudes vazios, rachaduras no solo. A cena se repete por diversas localidades do interior. O calor intenso e a falta de chuvas compõem um quadro de prejuízos bilionários no campo. Na semana passada, a Emater divulgou balanço das perdas que se aproximam de R$ 5 bilhões.
Apesar de apresentar uma severidade mais intensa neste ano, a estiagem no RS é cíclica. O tempo médio para voltar a ocorrer é de 5 a 6 anos. Diante disso, é inconcebível que o fenômeno ainda assole a base econômica gaúcha de maneira tão violenta. Alguns produtores no Vale já contabilizam mais de 80 % de estragos nas culturas de soja e de milho.
Importante frisar que os impactos não são restritos ao meio rural. Há uma consequência direta do que acontece no campo para a cidade. Com dificuldades para produzir e colher, o agricultor precisa elevar o valor dos produtos. O resultado na cidade é percebido nos preços das gôndolas dos supermercados diante do consumidor final.
Já passou do tempo do Estado formular e implementar uma política permanente de irrigação. Localidades mundo afora com instabilidades climáticas muito piores que as locais conseguem, por meio da tecnologia, superar as adversidades e manter a produtividade.
Nesta semana, deputados estaduais ligados ao setor primário se comprometeram em elaborar um novo projeto. Faz-se urgente uma nova estratégia de medidas voltadas a sistemas eficientes de irrigação de preservação do solo, assistência técnica e conservação da água.
Num cenário global de crise hídrica, é vital que o RS avance em soluções de inovação para o uso racional e o manejo sustentável do solo e da água.