Calor histórico amplia danos da estiagem

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Calor histórico amplia danos da estiagem

Previsão no Vale é de que temperatura alcance os 40ºC. Produtores estimam prejuízo de 50%

Calor histórico amplia danos da estiagem
Crédito: Gabriel Santos
Estado

A alta nos termômetros aliada à ausência de umidade do ar nas lavouras de soja e milho deve refletir na elevação dos prejuízos na região. Conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Banco Central, o valor financeiro alcança R$ 4,8 bilhões no setor primário gaúcho.

Nos 700 hectares plantados pelos irmãos Beuren, de Santa Clara do Sul, o resultado é desanimador. A média colhida varia de 7 a 10 sacas por hectare, quando a estimativa era de alcançar pelos menos 50. “Em Rio Pardo, onde temos área cultivada, não chove faz 70 dias. Só vale colher porque temos maquinário próprio. Se tivesse que terceirizar, deixaria na lavoura”, revela Eduardo.

A falta de umidade faz os pés de soja secar sem ter a vagem formada. O grão virou lentilha, compara. Embora esteja triste com a situação, entende que existe pouco a fazer para mudar a realidade. “O jeito é colher o que dá para conseguir pelo menos pagar um pouco dos custos”, finaliza.

“É triste ver a lavoura assim”

Airton Lottermann, de Lajeado, plantou 210 hectares de soja neste ciclo. A expectativa era de colher até 12,6 mil sacas. No entanto, a falta de umidade pode resultar em perdas na média de até 50%. “No ciclo precoce, o prejuízo chega a 70% e a safrinha a 100%. Tudo depende da chuva prevista para o fim de semana”, observa.
Nas primeiras lavouras colhidas o rendimento por hectare varia de 18 a 25 sacas. Embora o preço tenha registrado aumento nas últimas semanas e alcance R$ 83 a saca de 60 quilos, Lottermann considera insuficiente para amenizar a queda na produtividade. “Deveria estar cotada em R$ 130. É triste, mas temos que seguir. Contra a natureza ninguém faz nada. Se empatar com os custos, ficaria muito feliz”, finaliza.

Consequências

O cultivo da soja é o mais afetado na região. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Estrela, Rogério Heemann, a quantidade de soja aproveitada na colheita não custeia do valor do maquinário agrícola. “Temos a informação que os produtores estão colhendo de 10 a 12 sacas por hectare. Abaixo de 20 sacas, não vale a pena colher”, relata.
Em janeiro, o município decretou a situação de emergência e naquela período o prejuízo era estimado em R$ 13 milhões. Heemann acredita que agora a quantidade de perdas pode ter dobrado. Hoje à tarde, o Conselho Municipal da Agricultura se reúne, na Câmara de Vereadores, para atualizar a situação do município e verificar qual será a contrapartida do governo para auxiliar os produtores.
Conforme o presidente do STR, os agricultores esperam uma ajuda do governo, pois a classe é responsável por cerca de 40% da arrecadação do município.

O período de estiagem que prejudica a lavoura reflete na economia. Para Heemann, outros setores comércio será diretamente impactado. “Quando a agricultura, que é um dos principais setores de arrecadação, não tem o ganho esperado, o dinheiro também não chega ao comércio”, esclarece.
Heemann estabelece alternativas para auxiliar os produtores, como buscar o subsidio com a administração municipal para o programa Troca-Troca de sementes do governo do estado.
Outra medida, seria o custeio das sementes de passagem do inverno como aveia e azevém. “Com certeza seria uma alivio para o produtor”, estabelece.

Projeto de irrigação

A Assembleia Legislativa do estado se reuniu, após aprovação da Comissão de Agricultura, para a criação de um anteprojeto de irrigação para auxiliar agricultores. O encontro foi para debater as maiores dificuldades que o setor primário enfrenta no momento devido à estiagem e a capacidade hídrica do estado elencando questões do relevo, de preservação do solo, assistência técnica e conservação da água.

Calor histórico

Conforme a meteorologista da MetSul Meteorologia, Estael Sias, um bloqueio atmosférico de ar seco impede a chegada da chuva no estado, e principalmente no Vale do Taquari por conta de uma corrente de ar vinda do Norte. “Estas condições favorecem a alta dos termômetros que deve ter seu ápice entre a sexta e o sábado”, esclarece.
A última chuva considerável na região foi em 26 de fevereiro e a próxima está prevista para segunda-feira, dia 16.
A condição de tempo seco alerta para a possibilidade de incêndios vegetais. Conforme Estael, o risco para a região do Vale é considerado muito alto/extremo nos índices da MetSul.

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