“A música distrai a mente e faz pensar”

Abre Aspas

“A música distrai a mente e faz pensar”

Aposentado do Banco do Brasil, Elmir José Allgayer, 76, precisava ocupar o tempo e a mente. Voltou a tocar instrumentos. Em uma casinha na Praça da Matriz, no Centro do Estrela, ele liga o teclado a uma caixa de som e passa as tardes tocando. É ali que reencontra os amigos, faz piadas e coloca o papo em dia.

“A música distrai a mente e faz pensar”
Estrela

• Como surgiu a ideia tocar na praça?

O cara se aposenta. A vida é fácil, mas você precisa ter uma ocupação. Como eu não gosto de jogar carta, a música é meu passatempo. Cada fim de semana eu toco nas igrejas, tanto católica como evangélica. No ano passado, a AMOR Centro (associação de moradores) estava fazendo cadastramento e pediram para alguém animar e eu vim. Toquei 30 dias a fio na praça.

• Como é a rotina aqui na praça?

Tudo é meu, tenho que puxar o fio de energia. O teclado é pesado, a caixa é pesada, mas é só o trabalho de se instalar, depois é fácil. O pessoal passa e puxa assunto. Eu toco uma e converso três.

• E o pessoal gosta?

A Caixa funcionava aqui na frente. O pessoal diz que a Caixa se mudou porque não aguentaram a minha música. Daí foram para um prédio novo (risos). Tem uma senhora idosa que mora aqui ao lado que diz: ‘como é bom quando você toca, eu durmo tão bem com a música’. E uma outra veio reclamar que eu estava tocando muito alto e ela não conseguia tirar sesta.

• Como começou a tocar?

No internato, aos 14 anos. A direção gostou tanto de mim que fui pro quartel e voltei para dar aula no colégio (atual Estrela da Manhã). Naquele tempo, a escola formava professores rurais, então tinha que ensinar disciplinas como Matemática, História, Português e também tinha Música. Hoje é misto, antes era só homem.

• O que representa a música na sua vida?

É uma terapia. A música preenche os espaços vagos. Quando você não tem o que fazer, fica matutando e pensando em coisas tristes, a música te distrai. Você fica duas horas tocando, lendo partitura, cansa o cérebro, mas não com coisas ruins. A mente tem que ficar atenta à música, então ocupa a mente.

• Que outros instrumentos o senhor toca?

Trombone e violão. Me dá um violão e eu acompanho qualquer banda a noite inteira. O trombone já não toco mais, porque com o tempo a gente perde a embocadura. Aprendi o trombone no exército. Fui a São Gabriel para servir. Eles perguntavam o que cada um sabia fazer. Na minha vez falei que era músico. Me deram uma passagem de trem, fardado de milico, me mandaram de São Gabriel e Bagé, para me apresentar na banda. Servi um ano. De dia, ficava só na banda. E de noite, dava aula de matemática, no Ginásio, fardado.

• Seu outro passatempo é correr. Como começou?

A música distrai a mente e faz pensar. Mas você tem que cuidar do corpo. Tem que comer certo, não tomar muita cachaça, não comer muito açúcar, nem muito sal e se movimentar. Eu pratico corrida e academia. Já corri todas rústicas que tem por aí, Estrela, Lajeado, Arroio do Meio, Porto Alegre. Em todas eu subo no pódio. As provas são por faixa etária e depois dos 60, 70 não tem ninguém que corre. Posso chegar em último que estou no pódio.

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