Machismo é um comportamento fundamentado na compreensão de que os homens são superiores às mulheres. Supervaloriza os atributos da masculinidade. O femismo é a mesma coisa, só muda o gênero. Diferente do feminismo que luta por direitos iguais.
A cultura patriarcal associa o pai a uma liderança forte, e assim pode ser transposta para outras áreas do desenvolvimento social. O fenômeno machista acompanha a sociedade há séculos, e não são raros os homens que julgam a mulher inferior ou menos capaz.
Afora os aspectos naturais do corpo feminino, como a força bruta em média, não existe nenhuma comprovação científica de que o sexo feminino seja mais frágil. Aliás, estudos comprovam que as mulheres têm mais capacidade cognitiva para desenvolver diferentes tarefas ao mesmo tempo, ao contrário da média dos homens que têm mais dificuldade para tal. Este é um tema que a antropologia explica. Não vem ao caso agora.
Pormenores à parte, é importante estabelecer um diálogo maduro e sensato sobre o machismo e o femismo. Durante séculos, as mulheres foram humilhadas, chacotadas, renegadas e massacradas. Teve uma época em que eram queimadas vivas como “bruxas”, por revelarem certo grau de inteligência. Eram consideradas uma “ameaça” à sociedade. Infelizmente, a história é triste e envergonha a nós homens.
Muito se evoluiu. Ledo engano pensar que está superado. O machismo segue entranhado em nossa cultura e, muitas vezes, sem dar-se conta surgem frases ou ditados completamente machistas. Ainda que estes sejam expressados involuntariamente – ou por ignorância – , denota-se o grau de gravidade a superar.
Com a ascensão de um presidente da república conservador, o coro de que a mulher não serve para certas tarefas recuperou fôlego. É um retrocesso, ao qual é preciso ficar vigilante. Ao mesmo tempo, isso ascende movimentos ao contrário, como o próprio femismo, apesar de tímido, se comparado ao machismo.
Ainda que algumas mulheres exageram no tom da reivindicação, os homens devem exercitar uma boa dose de compreensão, pois qualquer exagero é mera tentativa de superar o massacre secular sofrido pelas mulheres. É desproporcional, para dizer o mínimo.
Encorajar as mulheres em nossa volta para assumirem o verdadeiro papel de igualdade, onde a independência financeira é a primeira liberdade a buscar. Eis o desafio. Afinal, quanto menos independente financeiramente, mais vulnerável e difícil se torna a emancipação plena.
Ao mesmo tempo, não adianta invocar direitos e deveres iguais, e exigir que o marido ou namorado convide para um jantar romântico, por “ser dele”, necessariamente, esta iniciativa.
Pode parecer inadequado ou pouco romântico, mas este comportamento é o próprio reflexo da submissão que as mulheres praticam, ainda que muitas, inconscientemente.
A igualdade de gêneros será possível quando todos se respeitarem como seres humanos. E o respeito não significa privilégios, obrigações e nem bajulações, para nenhum dos lados. Se quisermos ser iguais, temos de adotar comportamentos como tal, exercitar expectativas semelhantes e, principalmente, ter atitudes de pares.
Confesso certo desconforto com mulheres ou homens que insistem no formato patriarcal extremo, ou naqueles que levam ao outro extremo. Creio possível criar igualdade de condições, se compreendermos o papel do ser humano, que deve se colocar no lugar do outro, seja do gênero que for, ou na função que estiver.
Avança a necessidade de discutir sobre o desempenho destes papéis em vista da construção de uma sociedade mais justa, mas ainda carece a coragem de homens e mulheres para esta se democratizar.
Tenho uma filha de 17 anos. Me orgulho de compartilhar seu pensamento plural e maduro acerca do tema. Ainda assim, sei do seu esforço e das colegas para sentir a igualdade de condições.
Faz menos de um século que as mulheres votam em nosso país. Isso basta para um exercício mínimo de humildade e bom senso, e assim tentar compreender o quanto ainda temos de percorrer.
E, quando adentramos para o aspecto da violência contra as mulheres, qualquer argumento que se ergue contra o “exagero” na defesa ao sexo feminino, cai por terra. Segundo o relatório divulgado em 2019, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 16 milhões de brasileiras com 16 anos sofrem algum tipo de agressão. São comuns os casos de feminicídio praticados por homens que tem a mulher como de sua propriedade. Triste e desumano.
Aí, enxergamos o quanto ainda temos de avançar.
Alvoroço sem razão
A polêmica estabelecida em torno da cobrança de IPTU para as associações e clubes sociais é algo fora de propósito. Entidades como CTGs e alguns clubes de futebol seriam inviabilizados, uma vez que não possuem recursos para saldar tal “dívida”. Moral ou legal, não importa. O fato é que estas entidades cumprem um papel vital para a integração e o lazer das pessoas, especialmente, das mais humildes, cujo poder público jamais conseguiria exercer. Não tem cabimento cobrar IPTU de entidades que promovem o bem estar social, esportivo e de lazer das pessoas. A lei que se tenta valer, para mim, é retrógrada e desconecta do verdadeiro convívio social. Me perdoem os juristas de gabinete que entendem o contrário.