Região se prepara contra epidemia

Coronavírus

Região se prepara contra epidemia

Coordenadoria Regional de Saúde se reúne hoje com representantes de hospitais e municípios para traçar estratégia conjunta

Região se prepara contra epidemia
Mundo

Diante da confirmação do primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, órgãos de saúde do Vale do Taquari adotam medidas para tentar conter o avanço da epidemia. Hoje, 27, em Estrela, a 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) promove uma capacitação com os 37 municípios da região para repassar instruções a secretarias municipais e hospitais.

Na região, os órgãos já trabalham com orientações adaptadas a cada município de acordo com a população. A enfermeira responsável pela vigilância epidemiológica da 16ª CRS, Gilmara de Campos, esclarece que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência na saúde pública, fato que desencadeia ações em nível nacional e estadual.

Entre as estaduais, foi ativado o Centro de Operações Emergenciais (COE) para elaboração do plano de contingência. Conforme Gilmara, ações de manejo e planos de contingência serão sugeridos oficialmente na capacitação de hoje, que inicia às 13h30min, na Câmara de Vereadores de Estrela.

Prevenções em hospitais

Os setores de controle de infecção das principais casas de saúde do Vale já desenvolveram planos de contingência. O Hospital de Estrela, por exemplo, possui um fluxo de atendimento elaborado em janeiro para pacientes do pronto-socorro com sintomas de quadro gripal.

Conforme a coordenadora do setor, Carolina de Quadros Nonnenmacher, o paciente e o acompanhante são isolados em uma sala, recebem uma máscara cirúrgica e permanecem até o resultado dos primeiros exames analisados pela equipe de enfermagem.

Em caso de negativo, o enfermo volta para a sala de atendimento e é tratado de acordo com as necessidades. Se o resultado for positivo, um médico especializado acompanha o caso. “Por ser uma doença de contágio rápido, é necessária a identificação pontual para que o paciente seja tratado

 

da maneira correta”, explica Carolina.

De acordo com ela, dependendo da gravidade da doença

, o paciente é internado no hospital ou liberado para isolamento doméstico. Neste último caso, a vigilância epidemiológica de cada município acompanha o enfermo para a sequência do tratamento.
1º caso no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso de coronovaírus no país. Trata-se de um homem, de 61 anos, morador da cidade de São Paulo, que esteve na região da Lombardia, no norte da Itália, entre os dias 9 e 21 de fevereiro. Ele apresentou sintomas compatíveis com a doença e teve a confirmação na manhã de ontem.

O paciente passou por exames no Hospital Israelita Albert Einstein. A casa de saúde informou por nota que a vítima está em bom estado clínico e sem necessidade de internação. A família dele está sob averiguação. No momento, o ministério investiga de vinte a trinta casos suspeitos da doença em território nacional.

Risco de pandemia

Conforme a OMS, são mais de 79 mil casos no mundo. Desses, mais de 77 mil são na China, onde 2.595 mortes foram contabilizadas. Nos demais países, são 2.069 casos em 29 países e 23 mortes confirmadas.

Entrevista

Guilherme de Campos Domingues
• Infectologista do Hospital Bruno Born (HBB) esclarece dúvidas sobre a chegada do Coronavírus no país.

Domingues é formado em medicina pela Universidade Federal de Pelotas e possui especialização em infectologia pelo Grupo Hospitalar Conceição (Porto Alegre).

A Hora – Já há uma possibilidade real de propagação do vírus, após a confirmação do primeiro caso no país?
Guilherme de Campos Domingues – Ainda não se sabe quantas pessoas se contaminaram a partir deste primeiro caso. Os responsáveis por este caso já acompanham a esposa e familiares do homem e cerca de trinta pessoas que tiveram contato direto com ele. Mais pessoas viajam para a Europa do que para a China, seja para turismo ou trabalho, e por conta disso o risco de contaminação e transmissão do vírus é maior.

A Hora – Como se prevenir do vírus, tendo em vista a chegada dos meses de frio?
Domingues – A transmissão do coronavírus é a mesma de resfriado e gripe. Deve-se evitar locais fechados, aglomerados. Medidas como lavar as mãos com frequência, higienizar com álcool gel. O vírus pode ficar na superfície de objetos, por isso é importante lavar as mãos antes de ingerir alimentos ou de ter contato com a face.

A Hora – Qual é o grau de letalidade da doença?
Domingues – A taxa apresentada é de uma morte a cada 50 pessoas infectadas, fica em torno de 2%. Porém, essa mortalidade é tratada em faixas etárias, pois apresenta uma grande diferença quando se trata de pessoas mais idosas. Quando se trata de crianças e jovens, ela é denominada pouco letal com menos de 0,2%, e quando se analisa os idosos, o índice sobe para 15%. Esses números foram apresentados na China, ainda não sabemos como o vírus vai se comportar no resto do mundo.

A Hora – Em relação às tradições gaúchas, o chimarrão compartilhado fica comprometido?
Domingues – O Ministério da Saúde lançou esta preocupação ontem, por ser um vírus transmissível pela saliva. Então, existe sim o risco contaminação. Mas, ao mesmo tempo, as pessoas que estão em uma roda de chimarrão podem tossir e transmitir o vírus pela conversa.

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