“Ano que vem, quero comemorar meus oitenta anos na avenida”

Abre Aspas

“Ano que vem, quero comemorar meus oitenta anos na avenida”

Aos 79 anos, Maria Ivone de Oliveira é a mais experiente foliã da ala das baianas da Inhandava. Em 2020, contrariou a orientação do médico e desfilou, na última sexta-feira, no carnaval de Bom retiro do Sul. Com mais de trinta anos de avenida, não pensa em parar. Em 2021, a data de seu aniversário, 17 de fevereiro, cai na quarta-feira de cinzas.

“Ano que vem, quero comemorar meus oitenta anos na avenida”
Vale do Taquari

• Como começou seu envolvimento com o carnaval?

Meu filho era pequeno, entrou na bateria e eu bordava as roupas dele. Um dia ele disse: “mãe,por que você não entra no carnaval?” Tinha só duas baianas. Entrei e participo até hoje, faz trinta e poucos anos. Sempre com a Inhandava.

• Lembra do seu primeiro desfiles com a Inhandava?

Foi um tributo a Clara Nunes, muito lindo. Foi uma alegria imensa. A primeira vez que eu saí na escola, meu Deus do céu, parecia que estava pisando em ouro, de tão feliz que eu fiquei. Amo a Inhandava de paixão, o que eu puder fazer pela minha escola de samba, eu faço. Aqui em casa, todos os anos, eu reúno as baianas, bordamos, fazemos tudo. Minha casa é o atelier da baianas.

• Quais as principais mudanças que percebe nesse período?
Mudou muito. No começo, tinha mais componentes. Foi diminuindo, mas nós nunca deixamos de brilhar na avenida. As baianas dão um pouco por mês, colocamos no banco, em dezembro a gente tira e faz as roupas.

Nunca pedimos dinheiro para a escola, sempre nós que promovemos nossas roupas com nosso dinheiro. Este ano, eu estava meio ruim, porque eu sou diabética, e pensei que não poderia sair na escola. Daí umas quantas disseram que não sairiam também. Eu nunca desisto. Enquanto eu puder, eu vou indo.

• Sua família tem relação com carnaval?

Toda família desfilava, minhas filhas, meus genros, netos, só o marido que não. Nós éramos uns 18 da família. Meu neto pequeninho saia com um ano. Hoje tenho só uma filha, um filho e os netos que ainda participam. Meus pais eram de Cruzeiro do Sul. Meu pai fazia uma carnaval, mas não era escola de samba. Meus pais adoravam carnaval.

• Como é a relação com as outras baianas?

Eu converso com elas, convido vizinhas, amigas, saio atrás, convidando para desfilar. Meu marido faz as armações das saias. Amo muito elas. Ontem (domingo) estávamos todas reunidas aqui em casa, tomando chimarrão e comentando nosso desfile. Este ano saíram seis baianas. Quando começamos, eram 15, 16. A escola sempre se orgulhou de mim, porque a gente fazia as promoções, rifas, bingos para juntar dinheiro e fazer nossa roupa.

• Você tem planos de se aposentar do carnaval?

Meu médico me proibiu de desfilar este ano, eu disse: “Deus não me proibiu”. Tomei remédio fiz massagem, coloquei joelheira, chegou no dia eu estava bem, sem dor. Enquanto minhas pernas aguentarem, eu estou caindo na avenida. Ano que vem, quero comemorar meus oitenta anos na avenida. Se Deus quiser e ele quer.

Não vou pendurar a chuteira, só quando estiver na cama. Meu aniversário é 17 de fevereiro. Muitos anos, comemorei na avenida.

Acompanhe
nossas
redes sociais