O amigo Érico Essig, meu conterrâneo da Picada Felipe Essig (município de Travesseiro), me presenteou com uma pesquisa sobre a vida do fundador daquela localidade, de quem é descendente direto. Fiquei inebriado com a leitura que descreve a vida de Felipe Essig desde seu nascimento na Alemanha, abrangendo sua caminhada até a chegada, pelo Rio Forqueta, naquelas paragens onde resolveu se estabelecer. Transparecem, na narrativa, a coragem e a disposição ao enfrentamento de todo tipo de dificuldades: para fixar residência; conviver – juntamente com sua família – com a solidão (o vizinho mais próximo distava 6 km, sem acesso por terra); produzir para o sustento e despachar – por via fluvial – o excedente; domar o ambiente hostil. Culmina com sua disposição de começar a abrir a picada que mais tarde originaria a estrada para Arroio do Meio.
Narrativa similar era feita pelo amigo Paulo Hoppe, falecido prematuramente há três anos, sobre o desbravamento da localidade de Arroio Abelha, hoje município de Sério, de onde era originário. Igualmente tratamos de pessoas pioneiras que enfrentaram todo tipo de dificuldades, morriam por falta de acesso à assistência médica, mas sobreviveram ao meio ambiente adverso.
Da mesma maneira foram colonizadas outras microrregiões do Vale do Taquari. A parte alta da de Encantado, por exemplo, por italianos. A de Taquari, onde aportaram os primeiros açorianos que chegaram ao Estado. E não falamos de tanto tempo assim: de modo geral, tudo aconteceu a partir de meados do Século XIX (anos 1.800). A maioria instalou-se em pequenas áreas de terra, tirando o sustento de famílias numerosas. Outros, fundaram os núcleos urbanos, formando, todos eles, uma cadeia de interação sustentável, fantástica. As picadas transformaram-se em estradas, a navegação fluvial usada com intensidade, trouxeram energia elétrica, água potável, ensino qualificado, comunicações, o associativismo. Povoaram e desenvolveram essa região em que vivemos hoje. Pujante, fruto de uma caminhada épica, da qual nos orgulhamos e que depende muito – para continuar a florescer e sempre atual – que mantenhamos o espírito ousado dos seus colonizadores e descendentes. Muitos são os fatos, ações e realizações contemporâneos que nos sinalizam positivamente neste sentido.
O fato mais recente, que exemplifica a pujança atual do nosso Vale, aconteceu há duas semanas, quando o Grupo A Hora adquiriu a Rádio Sorriso FM, de Estrela. A comunicação regional, tocada por diversos veículos, sempre foi muito qualificada e fiel aos nossos fatos e pautas. Sem dúvida, uma das alavancas do desenvolvimento e projeção regionais.
O Grupo A Hora é recente. Novo, um jovem de 17 anos que, com toda a solidez, empreende, ousa, traz para nosso Vale o controle de uma Rádio importante, não poucas vezes líder de audiência. No dia anterior ao anúncio público do fato estive com o Diretor do A Hora, Fernando Weiss. Visível o entusiasmo e o planejamento meticuloso que haviam feito na busca deste feito. Por certo não é meramente o fortalecimento de um “concorrente” dos demais veículos de comunicação regionais. É míope quem vê assim o fato. Mas, reafirma a qualidade da comunicação regional e sinaliza, para o Estado e o País, de que aqui também se pratica um jornalismo moderno e viável. Isto, com a utilização multidisciplinar de diversas plataformas, a otimização de custos, a geração de empregos. Com qualidade e agilidade na comunicação dos fatos e da informação, aos mais diversos segmentos de públicos. Uma amálgama importante no impulsionar das diversas forças que forjaram, o Vale do Taquari, que o mantêm e o projetam para um futuro promissor.