“Tudo começou com uma brincadeira, mas se tornou uma das maiores alegrias das nossas vidas”. Foi assim que a Chanel, uma cachorrinha da raça Spitz Alemão, entrou na vida da empresária Lizete Kronbauer, 45, e do marido Heinz Rockenbach.
Lizete sempre gostou de animais, mas nunca havia cogitado adotar um companheiro. Um dia, no salão de beleza, o cabeleireiro comentou que adotaria um cão e pediu se ela não gostaria de fazer o mesmo. “Eu disse que não, até porque moro em aparatamento, mas pedi para ver uma foto”. A ideia de adotar um filhote permaneceu em seus pensamentos durante aquele dia. Algumas horas depois, encontrou dois amigos, um deles, apaixonado por cães, lhe mostrou uma foto da pequena Chanel, que na época tinha apenas três meses. Foi amor à primeira vista.
Hoje com dois anos e meio, Chanel se tornou uma filha para Lizete. E como membro da família, Chanel também participa das viagens e férias. “A rotina é feita a partir dela e sempre a levamos junto em passeios ou viagens mais curtas”. Quando viajam a trabalho, ou para lugares muito distantes, Chanel fica em um hotel para cães. “Não compensa levá-la pelo desgaste das longas distâncias, mas saio com segurança. Quando você sente segurança em um local, com pessoas que cuidam bem, você fica bem mais tranquila”.
Dica de profissional
Conforme a médica veterinária Ana Júlia Schnack, o primeiro passo para viajar com o seu animal de estimação é uma consulta a um veterinário para garantir que o seu amigo está saudável. Ele deve estar com todas as vacinas em dia e não apresentar pulgas, carrapatos ou outros parasitas que possam impedir a viagem ou prejudicar sua saúde.
Depois do check-up do seu bichinho, é hora de se certificar que o espaço onde vocês ficarão hospedados aceita receber animais. Caso o seu companheiro seja um gato, é importante também verificar se o ambiente possui telas para que ele não escape. “Não existe destino não recomendado, o importante é que o animal esteja bem e com o seu dono”.
Caso a sua viagem seja de avião ou de ônibus, informe-se com a empresa sobre as regras para o transporte de animais. Em ambos os caso são exigidos a carteira de vacinação em dia, atestado veterinário, e o uso de caixa de transporte. Porém, o tamanho da caixa, o limite de peso e valor das taxas é específico de cada empresa. O atestado é, em geral, válido por 10 dias, então se sua viagem ultrapassar este prazo, terá que consultar um veterinário e solicitar um novo atestado para que o seu bichinho poder voltar, alerta Ana Júlia.
Segundo a veterinária, viajar de carro pode ser mais confortável para o seu pet, uma vez que ele estará perto do dono e com a possibilidade de fazer paradas para se movimentar e fazer suas necessidades. Porém, mesmo neste caso é fundamental que ele esteja na caixa de transporte presa ao cinto, ou em um cinto específico para animais preso na guia ou peiteira. “Ele não deve viajar solto, pois caso o motorista necessite frear de forma brusca, ele pode ser arremessado e se machucar, ou machucar alguém que esteja no carro”. A carteirinha de vacinação deve estar em dia da mesma forma. “Ela é como a identidade do seu animal, então sempre leve-a com você em qualquer viagem com ele”.
No caso de animais muito agitados, a sedação pode ser uma alternativa, mas deve ser avaliada junto com um profissional veterinário. Outra boa dica é deixar o seu amigo em jejum alimentar durante algumas horas antes da viagem para evitar vômitos. “Mas não esqueça da água, ainda mais nos dias quentes de verão”, reforça Ana Júlia.
Conforme a personalidade do seu animal, uma viagem pode ser bem estressante. “Alguns cachorros são bem tranquilos e até dormem. Mas outros ficam muito agitados e podem inclusive passar mal com o movimento do veículo”. Gatos também não costumam gostar de mudanças e, dependendo do destino, podem tentar fugir e se perder.
Caso você decida viajar sem o seu pet, a dica da veterinária Ana Júlia é contratar um serviço de hospedagem para seu amigo ou um profissional para cuidar dele. “Certifique-se de conhecer com antecedência os profissionais ou o espaço onde ele ficará, para garantir que o local seja adequado e que seu pet será bem cuidado”.
Checklist da viagem:
– Consulta veterinária para atualizar a carteira de vacinação e solicitar atestado de saúde;
– Escolher uma hospedagem que aceite animais;
– Escolher o meio de transporte;
– No caso de ônibus ou avião, entrar em contato com empresa para verificar as regras de transporte;
– Verificar se a caixa de transporte está de acordo com as regras;
– Jejum alimentar algumas horas antes da viagem pode ser uma boa opção;
– A administração de sedativos em animais muito agitados deve ser avaliada e administrada apenas pelo veterinário.
Pet bem cuidado, dono despreocupado
A nutricionista Lilian Mörschbächer costumava cuidar do cachorro de uma amiga. Depois que ele morreu, a amiga lhe disse “só terei outro cão quando tu fizer isso como um serviço remunerado”, lembra. Assim surgiu a Brincão, creche e hotel para cães, localizada em Estrela. “Somos o produto da contribuição de amigos. Simpatizantes de cãezinhos que queriam um lugar legal para deixar seu companheiro quando precisasse”.
A empresa abriu as portas em abril de 2017. “Fizemos uma inauguração entre os amigos e cada um trouxe um potinho, um brinquedo”. Hoje a Brincão atende cães de até 15 kg, através de diárias ou por temporadas.
A época de férias escolares são os momentos em que Lílian mais tem hóspedes. No espaço, que funciona em um chácara, os cãezinhos ficam soltos e tem acesso à natureza através de uma área de Mata Atlântica nativa e da floricultura que funciona no espaço. Dentro de casa, eles se esparramam pelo sofás, puffs e caminhas espalhados pelos cômodos. “Queremos que eles se sintam em casa, à vontade e tranquilos, nem que para isso tenhamos que dormir de conchinha”, brinca.
Os hospedes de Lílian divertem a tutora e a acompanham o tempo todo. Todos acordam junto com o sol. Fazem uma caminhada pela manhã e sua primeira refeição. Sempre juntos. Descansam, brincam e até formam grupos entre eles, conforme as afinidades, conta. Há noite, há a hora do novelar, onde todos se aconchegam no sofá para relaxar. “A melhor parte é que para eles nunca tem mal tempo, é sempre energia positiva. Se ficamos chateados, é só sair com eles que tudo vira alegria e gratidão”.
