O A Hora de ontem trouxe matéria de capa sobre a intenção da nova mesa diretora da Câmara de Travesseiro de reduzir pela metade o salário do prefeito, vice, secretários e vereadores. Reduzir e otimizar o custo dos poderes é fundamental diante da situação financeira que se encontram as cidades.
Por outro lado, uma proposta que coloca no mesmo balaio o Poder Executivo e o Legislativo é incoerente. Explico: vereador não é profissão, diferente de ser prefeito ou secretário, cujas funções exigem dedicação exclusiva e diária. Para ser vereador, basta participar de uma sessão semanal – no caso de Travesseiro apenas duas por mês – e manter sua atividade profissional paralela. O mesmo vale para os cargos de vice-prefeito, que também não é obrigado a “bater ponto” na prefeitura.
A proposta da mesa diretora de Travesseiro teria sido mais assertiva se separasse os poderes. Tratar prefeito e secretários iguais aos vereadores é um erro de origem.
A propósito: chama atenção o número de propostas para reduzir salário ou número de vereadores nos últimos meses. Na prática, nenhuma tentativa passou de discurso até agora. Desconfio que o movimento se dê muito mais em vista às eleições de outubro do que propriamente numa demonstração clara e contumaz de reduzir o custo da máquina pública.
Não deveria ter dúvidas
Leio na coluna do colega Rodrigo Martini, do A Hora de ontem, de que há uma “disputa” para decidir o nome do futuro parque da orla do rio Taquari. O vereador Sérgio Kniphoff apresentou projeto de lei sugerindo o nome de Ney Arruda – que teria completado 90 anos no último dia 23 de janeiro. Uma outra ala da cidade defende o nome de Fialho de Vargas como homenageado com o nome do parque.
Pelo legado e o valor deixado por Ney Arruda para Lajeado, penso que a discussão é desnecessária. Nada pode ser mais legítimo do que homenagear Arruda com um nome de um parque. Até porque, Fialho de Vargas já está em ruas. E mais do que isso: há um outro lado da história que conta que Vargas teria sido uma espécie de torturador durante a época de ocupação das terras lajeadenses. Em relação ao legado e à história de Ney Arruda, não resta dúvida.
Na China, hospital em dez dias. No Brasil, não sai nem a licença
Se fossem nos contar a gente não acreditaria. Mas de fato, a China construiu um novo hospital de 34 mil metros quadrados em dez dias. Tudo para atender os casos de coronavírus, doença que assola o continente asiático e espalha medo pelo mundo todo.
Se isso fosse no Brasil, em dez dias não teria nem a licença de instalação, muito menos a aprovação do projeto. Isso nos dá dimensão do quanto o excesso de burocracia e a morosidade nos retardam. Se pegarmos exemplos de obras públicas à nossa volta, percebe-se uma lentidão lamentável, onde meio metro de asfalto ou um pavilhão esportivo levam mais de ano para serem concluídos.
As reformas precisam continuar
No fim de semana escrevemos sobre a necessidade premente do governo estadual em seguir com a agenda de reformas estruturais no Piratini. Defendemos a política implementada por Eduardo Leite, mesmo que ela esteja longe da perfeição. Deixar como estava ou está, reitero, é suicídio coletivo.
Houve reações contrárias à opinião deste colunista, o que é absolutamente democrático e natural. Aliás, é o contraditório que estimula uma sociedade mais crítica e mais plural. Ocorre que servidores estaduais sentiram-se ofendidos com o que chamamos de a “maioria não pode continuar pagando pela minoria”, fazendo referência ao tamanho da máquina pública e seu necessário enxugamento e reestruturação.
Na segunda-feira, leio no jornal o Globo que o Rio Grande do Sul é o estado da federação com mais aposentados que servidores na ativa. No fim de 2019, havia 2,9 aposentados e pensionistas para cada servidor.
A opinião defendida por este colunista não é contra servidores, seja qual for a categoria. Bem pelo contrário. A importância e relevância dos professores, policiais ou de qualquer outra profissional que compõe o Estado, é indiscutível. E terem o salário parcelado é tão lamentável quanto à situação financeira na qual se encontra o estado.
O quadro ao lado nos mostra o tamanho do desafio. O estado tem quase três aposentados para cada servidor ativo, perto do dobro do segundo colocado”
O quadro ao lado nos mostra o tamanho do desafio. O estado tem quase três aposentados para cada servidor ativo, perto do dobro do segundo colocado. Essa conta não tinha como fechar mais. Claro que são necessárias outras medidas de contenção de despesas e de ajustes, mas fica claro que uma reestruturação administrativa se fazia – e continua fazendo – urgente, inclusive, para voltar a ter capacidade de pagar em dia os servidores e, ao mesmo tempo, aumentar os vencimentos de professores e policiais, para citar duas das dezenas de classes fundamentais ao desenvolvimento da nação.