Um Vale dinâmico

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

Um Vale dinâmico

Por força da profissão, nos anos 2000 muito andei pelos municípios do Vale do Taquari. Nas suas sedes, nas suas entranhas, nas canhadas, nas várzeas e nos morros. Experiência fantástica, pelas paisagens e pelas pessoas que encontrei, suas atividades e suas realidades. Negros, quilombolas, índios, alemães, portugueses, italianos e de outras origens que formaram o que hoje podemos chamar de etnia única, com DNA Vale do Taquari. Formamos uma massa de centenas de milhares de trabalhadores e de empresários empreendedores, de todos os portes (micro, pequenos, médios e grandes). Também admirei e fiquei imaginando as pessoas, na segunda metade do século XIX e primeira metade dos anos 1900, sem maquinaria adequada, abrindo estradas, caminhos e outros acessos que nos permitem chegar nos locais mais recônditos da Região.
Já ao olhar para o Rio Taquari, os resquícios dos equipamentos que davam acesso a ele, aos Frigoríficos de Encantado, Arroio do Meio e Lajeado, mostram que o Vale também se valeu muito do transporte hidroviário. Por ali tivemos o primeiro grande escoadouro da nossa produção e o abastecimento de produtos, recebidos e distribuídos por grandes armazéns ribeirinhos.
O impulso para o Vale do Taquari moderno dá-se na década de 1950. Graças a uma competente e tenaz articulação regional conseguiram alterar o traçado da BR 386, do Vale do Rio Pardo (Venâncio Aires) para cá, no seu traçado atual. Já nos anos 1970, sensibilizaram o Governo Federal a construir em Estrela um dos mais modernos intermodais rodo-hidro-ferroviários do País.
“Governar é abrir estradas”. Esta frase do Presidente Washington Luís, dita em 25 de agosto de 1928, na inauguração da Rio-Petrópolis, a primeira rodovia asfaltada do país, tenha, talvez, no Vale do Taquari um dos seus mais fiéis seguidores.
Além de inúmeros acessos asfálticos a municípios, também na década de l970 conseguimos a RS 130 e a Rota do Sol. Na de 1990, alargar a BR 386 entre Canoas/Tabaí e duplicar Lajeado/Estrela. Entre 2005 e 2015, duplica-la entre Estrela/Tabaí. Com isto, empreendedores daqui floresceram, novos vieram, nosso PIB per capita é dos melhores, boas políticas públicas municipais se repetem e a Região continua sendo boa de se viver. A ponto de que pessoas de fora, quando aqui chegam e nos conhecem, são unânimes em dizer: “aqui temos o Rio Grande que deu certo”.
O bom é que tudo isso tem sua continuidade perpetuada. Nesta semana, quarta-feira, comitiva de empresários coordenada pela CIC Vale do Taquari e com apoio da Federasul, esteve em reunião de trabalho com o Secretário Estadual de Governança, Cláudio Gastal. Ouviram, finalmente que o trecho Venâncio Aires/Muçum será duplicado/alargado. Só quem transita ali diariamente – principalmente entre Lajeado / Arroio do Meio / Encantado -, sabe o calvário que é. E souberam mais: outra meia dúzia de trechos asfaltados, na mão da EGR, entrarão no Programa Estadual de Concessões à iniciativa privada, sob formatação no BNDES, a ser lançado no início de 2021. Nas mãos de concessionárias com poder alavancagem, muitas melhorias virão.
É o resultado de articulação iniciada em 2012, com ampla participação regional envolvendo, também, o Codevat e a Amvat, afora ações isoladas de Prefeitos e de Deputados Estaduais a nós ligados, com apoio da imprensa regional.
Somam-se a isso movimentos regionais que trarão melhorias no aeródromo de Estrela e no complexo intermodal “Porto de Estrela”. Com este somatório seremos das Regiões mais bem servidas logisticamente, o que é vital para nosso futuro. As próximas gerações, tal qual fazemos hoje, olharão para trás e para o Céu agradecendo por integrarem nosso Vale, dinâmico desde suas origens.

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