Paulo Cesar, 45, e o filho Wellington Azzolini, 23, estão no mercado calçadista faz 11 anos e percebem a reação do setor no estado. Somente no ano passado foram mais produzidos mais de 1 milhão de pares e nos primeiros meses de 2020 a produção já alcança os 20 mil.
Para atrair mais clientes e aumentar as vendas, a empresa, situada no bairro Planalto, em Lajeado, investiu em canais de divulgação e plataformas digitais. “Hoje o cliente pode fazer a compra em nosso site, pelo Mercado Livre ou pedir mais informações em nossas redes sociais”, destaca Paulo.
Neste ano, a empresa também busca conquistar o mercado no exterior. Atualmente já existem compradores fixos na Inglaterra, Espanha, Angola e Áustria. “Além de fornecer o produto pronto, vendemos a matéria prima para outras empresas do mesmo segmento”, menciona.
O otimismo de Paulo Cesar tem explicação nas recentes projeções e nos balanços do ano passado. O aumento na exportação de calçados produzidos no Rio Grande do Sul em 2019 foi de 3,8% em faturamento em dólar, na comparação com o ano anterior. Já, o aumento em volume, foi de 12,7%.
Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que projeta um crescimento de 2% a 2,5% para o setor em 2020 no país. O número deve ser puxado principalmente pelo desempenho no mercado interno, que absorve cerca de 85% da produção de calçados.
Tradição e mão de obra qualificada
Cerca de 5 mil empregos, diretos e indiretos, são gerados em Teutônia através do setor calçadista. Referência regional, o município se destaca também pela mão de obra qualificada. Por isso, o prefeito Jonatan Brönstrup viajou a São Paulo no começo da semana, onde participou da 47ª edição da Couromoda, mais importante feita de calçados da América Latina.
Além de conhecer as tendências do setor, Brönstrup aproveitou para estreitar relações, buscando viabilizar novos investimentos para o município, gerando emprego e renda.
“Em breve, vou a Campo Bom conversar com a direção da Calçados Arezzo. É uma marca muito grande e eles estão expandindo sua industrialização. Sempre fomos conhecidos pela nossa mão de obra qualificada, atraindo empresas do setor”, salienta.
Brönstrup diz ter saído satisfeito da Couromoda e aposta em um ano positivo para o setor. “Comemoramos os avanços, principalmente no que se refere à tributação do ICMS, que reduziu de 12% para 4%. Já tivemos um bom desempenho no ano passado, mas esperamos que 2020 seja ainda melhor. Devemos ter um índice maior do que o do Brasil”, salienta.
Além das indústrias, como a Piccadilly, Beira-Rio e RR Shoes, Teutônia possui diversos ateliês de calçados e pequenos estabelecimentos que produzem o seu próprio calçado.
“Outros estados eram mais competitivos”
Há quase 30 anos atuando no ramo em Teutônia, o empresário Vanderlei Rogério Weiand destaca redução da alíquota de ICMS do setor calçadista. “É um momento de muitas expectativas. Com certeza, a tendência é de que o calçado gaúcho vai dar uma alavancada nas vendas”, confia.
Para Weiand, o Rio Grande do Sul vai recuperar sua competitividade no mercado com a redução do imposto. “Outros estados estava com ICM de 1, 3, 4%, enquanto nós estávamos com 12%. Isso nos deixava muito atrás deles. Muitas marcas acabaram indo para a Bahia, o Ceará. Até os lojistas daqui acabavam comprando marcas de menor expressão em outros estados”, lembra.
reação no setor
Projeções animam ramo calçadista
Medidas com a redução da alíquota de ICMS aumentam competitividade do mercado gaúcho. Teutônia, que emprega cerca de 5 mil pessoas, inicia contatos para atrair mais uma indústria
