Nos municípios da região, as vacinas pentavalente nos postos começaram a faltar em dezembro. Se trata de um composto que protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite. A falta do imunizante estava prevista nos postos do Sistema Único de Saúde (SUS) desde o segundo semestre do ano passado.
O Ministério da Saúde (MS), responsável por garantir o abastecimento no setor público, informa que o problema não foi causado por falta de recursos, mas porque um estoque adquirido por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) foi reprovado em testes de qualidade feitos pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Conforme dados da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, responsável por atender 37 cidades do Vale, a escassez das doses recebidas começou no último trimestre de 2019. Em outubro e novembro, diz o coordenador interino Ederson da Rocha, havia pouco mais de 1,4 mil vacinas para atender toda a área da região. “Dividimos conforme a população. Houve cidades que receberam três ou quatro doses”, admite.
Em dezembro, não veio nenhuma vacina à região. Estima-se que a demanda reprimida nos municípios supere as quatro mil doses. De acordo com Rocha, a informação do governo federal é que foram adquiridos compostos para atender o país e que a entrega deva ocorrer ainda em janeiro.
Estoque vazio
Conforme o coordenador interino, a principal dificuldade em termos da falta da vacina é para as cidades maiores. “Nos municípios de pequeno porte, tem meses que a demanda é pequena. Diferente das cidades mais urbanizadas, em que a procura pela imunização é constante e aumenta todos os meses”, avalia Rocha.
Em Lajeado, por exemplo, os estoques estão vazios desde dezembro. A vacina é feita em bebês de 2, 4 e 6 meses (são 3 doses). A média de aplicação mensal é de 400 doses (considerando as 3 idades).
Conforme a coordenadora da vigilância epidemiológica de Lajeado, Juliana Demarchi, a falta é motivo de preocupação. “A vacina é essencial à prevenção. Estamos em alerta, principalmente para casos de menengites”, afirma.
Como plano de ação, a Secretaria de Saúde monitora possíveis contágios. “É um curto período sem vacinas. São três semanas. Mantemos um acompanhamento dos pacientes, em especial com as crianças que iniciaram o esquema vacinal.”
Assim que houver a reposição, diz Juliana, será iniciada uma estratégia para atender a demanda reprimida do período em que não houve vacinação. A ideia é comunicar a sociedade quando os estoques forem normalizados e fazer um dia D de imunização em um sábado de fevereiro.
Falta também na rede privada
Nas clínicas de vacinação também há falta dos compostos pentavalente e hexavalente. Pelas informações das empresas, os laboratórios que fabricam as imunizações não estão aceitando pedidos para compras.