Uma das fontes mais econômicas para alimentar o gado, as pastagens permanentes, em especial as perenes, são grandes aliadas dos agricultores, pois permitem obter leite ou carne com menos custo e mais saudável.
Produtores de leite faz mais de três décadas, o casal André e Elaine Beuren, de Arroio do Meio, encontrou no cultivo de grama uma forma de incrementar a renda mensal. As variedades Jiggs e Tífton 85 são cultivadas em três estufas.
As mais de 120 mil mudas ficam acomodadas em bandejas no sistema Floating, modelo adotado pelos fumicultores, onde é acondicionada uma solução nutritiva a base de adubo e substrato orgânico.
Todo trabalho é manual, uma das dificuldades para aumentar a oferta. “A demanda é maior do que a disponibilidade de plantas. Elas precisam de calor e umidade para se desenvolver bem”, explica André.
Após 18 dias, é possível fazer o replantio para a lavoura. Beuren sugere uma análise de solo e adubação correta para garantir um bom crescimento. “A grama necessita de fósforo, calcário, potássio e nitrogênio para enraizar bem”, ensina.
Em três meses, com boas condições climáticas e de manejo, é possível levar o gado leiteiro ou de corte para o primeiro pastejo. A bandeja com 200 mudas custa em média R$ 25.
O frio é um empecilho. Quando a temperatura baixa de 10 graus, elas param de crescer, no entanto rebrotam após a geada. Após a implantação das áreas na propriedade, o casal conseguiu reduzir os custos com silagem e ração em até 50%, sem perder a produtividade do plantel de 13 vacas.
A grama pode ser destinada também para alimentar ovelhas, cabras e até cachorros. “Ela é um aliado natural para os cães quando estão com problemas intestinais. Muitos clientes compram para plantar no pátio ou jardim”, observa Elaine.
Treze litros por dia
Segundo o médico veterinário, da Emater Regional de Lajeado, Martin Schmachtenberg, essa é a quantidade máxima de leite a ser produzida diariamente apenas com pastagem.
Acima disso, entende ser necessário fazer um complemento com silagem e concentrados para atender as necessidades diárias de energia dos animais. “As pastagens permanentes, bem implantadas e manejadas, permitem longo pastejo. Quando elas reduzem a oferta de alimento, também é possível a semeadura de variedades anuais de pastagens de inverno, como aveia e azevém”, explica.
Para manter a abundância, é preciso observar e respeitar a altura do pasto para a entrada e saída dos animais nos piquetes. “Adubar após cada pastejo aumenta a oferta e a qualidade”, ensina.
Antes do plantio, recomendado de setembro a fevereiro, sugere uma análise de solo para corrigir deficiências de acidez e adicionar a quantidade ideal de adubo para cada planta. Outro detalhe é comprar mudas de produtores especializados, cultivadas em bandejas. “Em 60 dias estará apta ao primeiro pastejo”, comenta.
Schmachtenberg sugere evitar a entrada de animais em dias de chuva, respeitar a lotação e fazer o controle de invasoras. Com isso, uma área pode durar até 10 anos.