O casal Jéssica Deola, 27, e Giovane de Souza, 28, usou o 13º salário para pagar a maioria das contas e não começar 2020 no vermelho. Ficaram para trás o seguro obrigatório do carro (pois já não paga mais IPVA) e o IPTU, que custa cerca de R$ 400. “Sobrou até para comprar um presentinho para o nené”, diz Jéssica para o filho, Vitor, de dois anos.
A família de Cruzeiro do Sul não vai levar dívidas do Natal e do Réveillon para este ano e também já guarda para as férias, agendadas para março. “Vamos poder dar uma passeada”, conta Giovane.
O industriário Cícero Cabral, 34, tem um comportamento semelhante. Natural do Ceará e morando em Lajeado faz dois anos, procura controlar as despesas. “Lá em casa eu sou de segurar mais.” Casado com Diana Duarte e pai de duas meninas, uma de 13 e outra de 7 anos, usou o salário extra dele e da mulher para antecipar as despesas de início de ano. “Eu não prevejo o futuro, mas tenho de me planejar”, ensina.
Essa conduta de se precaver não é uma regra entre os brasileiros. Conforme dados do Serasa Experian na metade do ano passado, o número de pessoas com dívidas atrasadas bateu o recorde. Passava dos 63,2 milhões de inadimplentes. Significa que 40,4% da população adulta do país está negativada.
Dívidas em bancos e no cartão
O segmento de bancos e cartões é o que tem o maior número de dívidas vencidas. “Isso é um sinal de que as pessoas já tomaram crédito para quitar outras dívidas e chegaram no ponto de não conseguirem pagar nem este empréstimo”, analisa o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi.
Pelos dados da organização, os três estados do Sul são o com menor percentual em relação a média nacional. Paraná tem 35,1% da população adulta com dívidas, o RS com 34,6% e Santa Catarina com 33,1%.
“Esta região costuma ter menor índice de pessoas com dívidas atrasadas e negativadas porque o desemprego é mais baixo, graças às atividades do agronegócio”, comenta Rabi.
Treze dos 27 Estados brasileiros estão acima da média nacional, sendo as regiões Norte e Sudeste as mais afetadas.