Reféns do tempo

Editorial

Reféns do tempo

Se o calor está insuportável na cidade, os seus efeitos são drásticos para o campo. A cada verão, volta a preocupação quanto às consequências da estiagem para os produtores rurais. Em uma região em que o setor primário é a…

Se o calor está insuportável na cidade, os seus efeitos são drásticos para o campo. A cada verão, volta a preocupação quanto às consequências da estiagem para os produtores rurais. Em uma região em que o setor primário é a base produtiva, a seca representa perdas para milhares de famílias e prejuízos significativos para a economia local.
Lavouras comprometidas, poços e açudes secos, animais fracos e desnutridos. As altas temperaturas, a falta de chuva e de umidade, que perdura faz dias, e a pouca perspectiva de reversão das condições climáticas para o próximo período prenunciam um cenário dramático para os agricultores, a recém no início da estação mais quente do ano.
Para quem sobrevive da produção de grãos, o cenário é desolador. Em algumas localidades da região, como Canudos do Vale, por exemplo, a Emater estima a perda de mais de 50% da produção de milho. E a cena se repete pelo interior, em uma espécie de efeito dominó, visto que o milho é usado principalmente para a silagem dos animais, em especial a vaca leiteira.
Trata-se, portanto, de um efeito avassalador para uma região onde a produção de leite é um dos pilares da força econômica. As consequências, porém, atingem todos os segmentos da agropecuária, com reflexos importantes nos outros setores. Entre 2010 e 2011, em um dos períodos de estiagem mais críticos da história recente do Vale, o prejuízo no campo ultrapassou R$ 40 milhões.
Como enfrentar esse problema cíclico, que periodicamente assola as propriedades? São nesses períodos que se torna indispensável a presença do poder público e das organizações vinculadas ao campo. No entanto, as medidas não podem se restringir a ações paliativas, como a disponibilização de carros-pipas ou mesmo a possibilidade de renegociação das dívidas dos produtores.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, estado que depende eminentemente do setor primário, urge a criação de um sistema inovador de irrigação no meio rural. Ainda são poucas ou insuficientes as políticas públicas voltadas para o campo, capazes de fazer com que a principal fonte de riquezas do RS não continue como refém do tempo.

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