Nos pomares da família Tormes, em Lajeado e Farroupilha, a produtividade registra queda de 50%. Apesar disso, a qualidade das frutas impressiona. “Estão grandes, saborosas e muito doces”, relata Silmar.
Com mais de 10 anos de experiência em fruticultura, atribui a menor oferta às baixas temperaturas de setembro e o excesso de chuva em outubro. No entanto, a colheita que encerra em janeiro, deve trazer bons resultados.
O calor das últimas semanas, aliado a pouca chuva favorece o amadurecimento e afasta pragas e doenças das plantas. “O pêssego ficou mais doce, crocante e menos aguado”, constada.
Tormes cultiva duas variedades, o BRS Kampai e o PSTardio. “O primeiro é precoce e chega ao mercado quando temos pouca oferta. Logo o preço é mais alto. O sabor é doce com leve acidez”, explica.
Já a segunda variedade começa a amadurecer em dezembro. O quilo da fruta é vendido por R$ 3, direto na propriedade, em fruteiras e mercados. “O problema é o intermediário. Ele acrescenta até R$ 9 a mais. Isso torna inviável a compra para muitos e resulta em desperdício”, lamenta.
Para este ciclo a estimativa é de colher em torno de 11 mil quilos, a metade da safra anterior. Entre as dificuldades destaca a exigência de mão de obra. “É preciso passar sete ou oito vezes pelos pessegueiros para colher tudo”, diz.
Mais plantas
O agricultor Raul Hecher, 59, de Progresso, chegou a colher 4 mil quilos em ciclos passados. Este ano, o ataque de aves, pragas e condições climáticas desfavoráveis resultam em uma quebra.
Estima colher apenas 200 quilos, das variedades Granada e Douradão. “Preciso fazer uma renovação do pomar e corrigir o solo. Apesar de requerer mão de obra, é uma boa alternativa. Quero ampliar o número de plantas”, adianta.
O quilo é vendido por R$ 4, direto na propriedade. As frutas sadias estão muito saborosas. Uma pena que a maior parte estragou no ponto de colheita”, lamenta.
Preço melhor
Conforme estimativa da Emater de Caxias do Sul, a região deve colher 38 mil toneladas em 2019, queda de 27% frente ao ano anterior. A colheita, nos 3.450 hectares se encontra na fase derradeira, com previsão de término em janeiro.
Segundo o engenheiro agrônomo Enio Todeschini as frutas são destinadas para o consumo in natura. Na venda a granel, sem classificação, o produtor consegue uma média de R$ 2,50 por quilo, considerado um valor compensador. “Alivia um pouco as perdas. A qualidade melhorou bastante com o calor e pouca chuva”, comenta.
O valor alto em alguns supermercados e fruteiras é justificado pela oferta menor, resultado das baixas temperaturas e falta de insolação nos meses de setembro e outubro.
Para saber
Os municípios de Pinto Bandeira e de Bento Gonçalves são responsáveis por 14,7% de toda a produção de pêssego do Brasil. No primeiro, em cerca de 400 propriedades, há 1.020 hectares da fruta cultivados, com produção média de 18 toneladas por hectare.
Agronotícias
Qualidade garantida, apesar de safra menor
O frio registrado no mês de setembro e o déficit de insolação em outubro, resultaram em uma quebra de até 50% em alguns pomares. No entanto, frutas estão graúdas e saborosas. Preço mais alto do quilo compensa perdas