Professor Jura: 41 anos formando craques para a vida

PROFESSOR JURA

Professor Jura: 41 anos formando craques para a vida

Jurandy Pretto é exemplo para milhares de pessoas que passaram pela Escolinha de Futebol do CTC

Professor Jura: 41 anos formando craques para a vida

Jurandy Pretto, o Jura, tem a sua história entrelaçada com a Escolinha de Futebol do CTC. Por suas mãos, passaram mais de quatro mil alunos. São mais de quatro décadas dedicadas à formação de craques para a vida.

Dos 46 anos da Escolinha de Futebol, Jura está ininterruptamente há 41. É uma trajetória que iniciou em 1973, a convite de Itavor Nummer. Iniciou com 20 anos, e hoje está com 66. Desde o início, se ausentou por apenas cinco anos, quando trabalhou com futebol profissional.

Diferente da grande maioria das escolinhas de futebol, a do CTC tem um perfil que deixa de lado a competição, para valorizar a formação do caráter. Formar as crianças para a vida sempre foi o principal ideal de Jura. “Acima de tudo eu vejo que a formação de uma criança passa pelo esporte. Ela é fundamental nesse aspecto, desde que tu saiba conduzir. Eu vejo muitas pessoas preferindo a competição em detrimento da formação. São caminhos que se distorcem pois as pessoas só tem como objetivo vencer.”

Nestas mais de quatro décadas, o professor chegou a dar aula para diferentes gerações de família. Ex-alunos que se tornaram pais, com os filhos também ingressando na escolinha. “Enquanto eu me sentir capaz de estar no meio do campo, de dar o treinamento e participar das atividades, eu vou continuar trabalhando”, comenta Jura.

O sucesso de seu trabalho é visto ano a ano. Em 2019, a Escolinha de Futebol do CTC bateu um número recorde de alunos. Foram 220 crianças inscritas. Número comemorado pelo professor. “Isso demonstra a qualidade do trabalho que realizamos. Se fossemo desleixados e despreocupados, teríamos 20 alunos. Este número de mais de duzentas crianças em um ano é muito expressivo.”

Jura, por João Antônio Pretto

Filho de Jura, João Antônio foi também seu aluno na escolinha, e por isso, tinha a responsabilidade de ser um exemplo para os seus colegas. “Precisava mostrar com atitudes. Eu não podia ser aquele aluno chato, que incomodava. Se o próprio filho do professor não agisse da maneira como ele gostava, os outros alunos também não agiriam”, lembra. Por isso, desde cedo João se adequou e respeitou os ensinamentos do pai. “Procurava ser um aluno que respeitasse toda essa questão de respeito e educação que ele queria passar para os outros colegas também.”

Ver a dedicação e empenho do seu pai eternizadas em uma livro é motivo de muito orgulho. “Vejo a dedicação diária dele. Todos esses anos, tantas crianças que passaram por ele. É muito emocionante ver ele hoje feliz, realizado e reconhecido pelo trabalho de tantos anos.”

Jura, por Leonardo Menezes

Ao longo dos anos, Jura teve muitos colegas e auxiliares na Escolinha do CTC. Leonardo de Menezes, o “Aná”, é seu companheiro de trabalho fazem dez anos. “É muito gratificante, pois além de trabalha com ele, fui seu aluno na escolinha”, lembra.

Aná faz questão de dizer que hoje passa para os alunos os ensinamentos que teve quando era treinador por Jura. “Fico feliz por ter sido aluno e hoje trabalhar com o Jura. Uma pessoa exemplar e um baita profissional, que merce receber todas essas glórias que estão repercutidas no livro.”

Jura, por Rodrigo Conte

Autor do livro sobre a Escolinha do CTC, o jornalista Rodrigo Conte foi procurado por Jura para fazer a publicação enquanto ainda escrevia o livro sobre o Lajeadense. “Quando finalizei o primeiro projeto, logo começamos o segundo. Eu e o Jura nos falamos todos os dias por um bom tempo.”

Conte conta que o mais especial para ele foi ver a admiração dos entrevistados pelo professor Jura. “Pessoas de gerações diferentes, mas sempre com a mesma opinião sobre ele e o seu trabalho. O caminho não só da formação de atletas, mas também o da formação de cidadãos”, comenta o autor, que diz que a partir destes comentários, surgiu o nome do livro. “Escolinha de Futebol CTC – Formando Craques Para a Vida.”

Outro ponto destacado por Conte foi a quantidade de grandes líderes da sociedade lajeadense que passaram pela tutela de Jura no CTC.

“As crianças têm muito a nos ensinar”

Jornal A Hora – Como resume o seu método de trabalho?
Jura Pretto
– São várias crianças e de várias formações. Então às vezes preciso ser um pouco mais rígido. Eles sabem que precisam ter respeito com o colega. A gente trabalha todos os fundamentos do futebol. Mas acima de tudo está a questão da disciplina. Nós não trabalhamos em função de exigir que uma criança que tenha dificuldade desenvolva da mesma forma que um aluno com mais capacidade. Cada um joga dentro do seu limite.

Como avalia o passado, presente e futuro da sua trajetória?

Jura – Eu realmente fico feliz. Tenho muitos alunos, só esse ano tivemos 220 inscritos. Mais de 4 mil já passaram pela Escolinha do CTC. Eu iniciei no trabalho em 1973. Só não estive nestes 46 anos porque num momento eu me ausentei para trabalhar no futebol profissional. Quando retornei tive a intenção de reassumir a função. E estou até hoje. Não me vejo sem poder estar trabalhando. Sem essas crianças. Elas me deixam mais jovem. Eu vou seguir no trabalho até quando Deus me permitir. Ainda me vejo em condições de fazer o trabalho sem problema algum.

Como é ouvir que você é um exemplo para diversas gerações?
Jura –
A maior satisfação é o reconhecimento das pessoas que passaram por aqui. Vejo as pessoas reconhecendo o trabalho e isso realmente não tem preço. Me sinto super feliz e realizado, espero que eu possa continuar por muitos anos comandando essas crianças. Até tem uma brincadeira que faço. O dia que eu tiver netos de ex-alunos, talvez eu pare.

Qual o maior aprendizado nestes 41 anos?

Jura – Eu aprendo todos os dias, pois as crianças têm muito a nos ensinar. Basta tu entender e ver as crianças, que tu aprende muito. As vezes as crianças se tornam muito competitivas, querem obter uma vantagem para chegar ao resultado. E eu não trabalho nesse sentido. Óbvio que em jogos, quero que o meu time vença, mas sempre dentro das leis do jogo. As crianças entendem e demonstram isso para mim nos treinamentos. O que eu mais tenho no convívio com as crianças é essa força de pureza que elas têm. E isso é transmitido para mim como profissional. Me dá força e vontade de seguir no trabalho.

Caetano Pretto – caetano@jornalahora.inf.br

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