Estado quebrado e desunido

Editorial

Estado quebrado e desunido

A votação das propostas de reforma administrativa do governo Leite começa hoje em meio a um cenário de comoção do funcionalismo. Porto Alegre vai receber manifestantes de todas as regiões. Professores, policiais civis, servidores da saúde e de outras funções,…

A votação das propostas de reforma administrativa do governo Leite começa hoje em meio a um cenário de comoção do funcionalismo. Porto Alegre vai receber manifestantes de todas as regiões. Professores, policiais civis, servidores da saúde e de outras funções, contrários às mudanças.
Por outro lado, o governo argumenta. Afirma não haver plano B. Mostra números e dados sobre o impacto do funcionalismo sobre o orçamento do Executivo. Supera os 80% de custo da máquina pública, enquanto o poder de investimento mingua em 1%.
Essa será a maior prova de fogo do governo tucano até aqui. Dependendo do resultado, pode ser a última. Ser derrotado, pode significar o rompimento da base aliada. Desse modo, um abismo político será criado e dificilmente outras propostas de revisão terão apoio.
A votação das propostas na Assembleia Legislativa será acompanhada por galerias lotadas. De um lado, servidores insatisfeitos em perder parte de direitos conquistados. De outro, os defensores do governo e das propostas de redução dos gastos públicos.
A tônica será de debates repletos tensos. Para eleitores conscientes, uma oportunidade de conhecer a posição, os argumentos e os motivos para cada voto. Se saberá a motivação dos deputados, se a escolha parte de conhecimento sobre as propostas ou se a precupação maior é eleitoral.
Sendo contra ou a favor, importante deixar claro. Se trata de um momento em que a democracia precisa ser preservada. Faz parte do rito do estado de direito o debate, a análise, a contraproposta. Radicalismos afastam as condições para o diálogo.
E o momento da sociedade, seja no RS e no próprio país, é de distanciamento ideológico. As paixões políticas continuam desafiando a busca por mais coesão social. Para dentro dos limites gaúchos, as eleições do ano passado definiram Eduardo Leite como governador.
Recaí sobre ele a missão de tirar o RS do atoleiro. Foi promessa de campanha fazer o estado voltar a crescer e pagar o funcionalismo em dia até o segundo ano de governo. Agora, na função de governador, encara uma realidade difícil.
Condição essa que é a pior entre todas as unidades federativas. O rombo previdenciário gaúcho se aproxima de R$ 1 mil por habitante e a proporção de inativos em relação a ativos também é recorde. Para cada servidor em atividade, há 1,63 aposentado e pensionista. Desequilíbrio que a cada dia aproxima o Rio Grande de um poço sem fundo.

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