Como é de costume, chegado o final de ano faz-se uma reflexão sobre o que ocorreu ou não durante os últimos 365 dias. O balanço pode ser positivo ou negativo, algumas vezes, ter sido neutro já é uma vitória. Olhando para trás vejo o longínquo 08/03/2019, quando foi publicado o primeiro texto: Ecoempreendedorismo, um acesso modesto, poucos apertando o botão de “curtir”, mas também, escrever sobre empreendedorismo ecológico no Dia Internacional da Mulher, e com tanta gente falando sobre o tema, quanta insensibilidade.
Em abril, Ministério da Educação e Confusão, a reação já foi melhor. Retroceder sim, trocamos de Ministro, mas a confusão só faz aumentar. Quando o País terá uma política séria e comprometida com a Educação que não faça com que os jovens nem ao menos cogitem buscar a carreira do magistério? Onde os professores recebam a devida valorização, não só financeira, mas da sociedade brasileira, com pais que não apresentam argumentos para justificar os deslizes de seus filhos e (retrocedendo mais ainda), mas que eduquem seus filhos deixando para escola a função de ensinar.
Em maio, junho e julho, pensei em desistir. Abordar a produção de leite orgânico, a gestão das propriedades rurais e as instruções normativas do Ministério da Agricultura, parecem ter ido de encontro aos interesses dos leitores. Quase nada de repercussão, porém é preciso que se diga que essa atividade é importante para a economia do Vale do Taquari e precisa de atenção contínua, pois caso contrário continuaremos a ver famílias abandonando a atividade com reflexos, não só econômicos, mas sociais nefastos. Mas tudo bem, talvez não deva ser eu a escrever sobre isso.
Mas em agosto, a virada. A Involução da Espécie rendeu mais de três centenas de curtidas, incrível. Sobre o texto, encontrei um leitor e amigo (André Araújo) que manifestou sua opinião, contribuindo para que, neste retroceder, eu possa avançar. Comentou ele sobre a ideia de mutação x seleção natural. Sim, o evolucionismo passa pela seleção natural onde só os mais aptos sobrevivem. É o que temos na sociedade, desde sempre, porém é preciso destacar que talvez, nunca antes na história desta espécie, há uma desigualdade de condições com tamanha desproporção.
ouquíssimos aptos e uma multidão de fadados a sucumbir.
Em setembro, novo retrocesso. Falar sobre as diferentes realidades aguçou a curiosidade de poucos, mas continuo acreditando que é preciso que existam diferentes formas de ler o mundo, sem que isso leve aos extremismos que por vezes ocorrem e que só contribuem para o retrocesso da espécie humana. Pensei, em outubro me recupero, ledo engano. Falar sobre tomada de decisão, mostrou-se uma decisão equivocada. Uma queda ainda maior.
Mas então chega novembro, redenção, quebra de recorde em curtidas. Quase quatro centenas lendo sobre o País do Futuro. Temos muitas coisas boas no nosso país, mas há, ainda, muito por fazer. Na última semana resultado de pesquisa publicada aponta para o fato de sermos a segunda nação com o maior grau de desigualdade. Sendo o país do futuro, quem sabe um dia isso seja revertido, como dizia a música “tenha esperança e fé”.
Voltando ao título, é um filme do filósofo Belga Jean-Claude Van Damme de 1986. Acredito que, por vezes, é preciso retroceder para poder avançar, mas render-se? Jamais. Bem, não sei se volto em 2020 (estamos negociando a renovação do contrato, mas há interesse de outros clubes, inclusive do exterior). Sendo assim, desejo Boas festas a todos e que possamos ter em 2020 um Vale do Taquari, um Rio Grande do Sul e um Brasil do futuro.
Opinião
Carlos Cyrne
Professor da Univates
Assuntos e temas do cotidiano