A afirmação do coordenador do Departamento de Trânsito de Lajeado, Vinícius Renner, de que campanhas de conscientização não tiveram efeito e que agora é preciso investir em repressão evoca uma reflexão sobre o comportamento dos condutores.
De fato, o motorista conduzindo em alta velocidade pela Av. Senador Alberto Pasqualini é um exemplo de irresponsabilidade. O resultado foram três postes derrubados e muitos transtornos no início dessa segunda-feira na cidade. Poderia ter sido pior. Por sorte não houve nenhuma morte.
Além da falta de consciência, muitos condutores multiplicam a intolerância, muito comum nas redes sociais. O trânsito virou uma extensão da falta de respeito às leis e ao próximo. Da mesma forma com que as pessoas se ofendem na internet, replicam essa conduta atrás do volante.
O comportamento das pessoas ilustra alguns problemas da sociedade. A pressa virou justificativa para o desrespeito. O pedestre atravessa fora da faixa, não usa a passarela, se arrisca em meio aos carros, enquanto o motorista excede a velocidade, faz a conversão sem ligar o pisca e conduz sob efeito de álcool.
Nas contradições desse tempo, se critica o uso de radares para multar aqueles que excedem a velocidade, e no mesmo diapasão, se repete a tônica de punição, de pena de morte para criminosos, de redução da maioridade penal. Afinal, o que as pessoas querem? Um estado repressor ou condolente?
No momento em que o condutor dirige de maneira perigosa, tornando a via pública em uma pista de corrida, ele está assumindo o risco de matar. Pela lei, responderá por homicídio, doloso, mas ainda homicídio. Ele assumiu a responsabilidade e usou o carro como um instrumento fatal.
Quando se dirige a mais de 120km/h em uma rodovia federal está se assumindo esse risco. Dizer que a fiscalização é uma indústria da multa se tornou um argumento dos infratores. O coordenador Renner afirma com propriedade: o desrespeito dos condutores traduz falta de educação da sociedade.
Então se a única forma para garantir a segurança das pessoas no trânsito é dotar a fiscalização de radares e controladores de velocidade, então o mínimo que se tem de fazer é abrir esse debate. Pela democracia representativa instituída no país, o lugar para essa discussão avançar é na câmara de vereadores.
Editorial
Trânsito e educação
A afirmação do coordenador do Departamento de Trânsito de Lajeado, Vinícius Renner, de que campanhas de conscientização não tiveram efeito e que agora é preciso investir em repressão evoca uma reflexão sobre o comportamento dos condutores. De fato, o motorista…