O técnico em enfermagem Anthony Garcia, 34, nem sabe mais quantas tatuagens tem, calcula que sejam mais de 70. A primeira feita com 16 anos, o que gerou espanto para a mãe. No passado, as marcas na pele eram vistas com preconceito, hoje o que mais vê entre os pacientes que atende é curiosidade.
• Quando fez a primeira tatuagem?
Eu tinha 16 anos, estudava no Madre Bárbara. Sempre fui meio rebelde, gostava de tatuagens. Minha mãe não curtia. Tinha um passeio da turma agendado. Tinha pago uma parte da excursão, mas não havia me comportado ao longo do ano e, como castigo, a mãe não deixou eu ir. Na época era uns R$ 100 e era muito dinheiro. No fim não pude ir no passeio, então o colégio me reembolsou a entrada e a primeira coisa que eu fui fazer é a tatuagem. A primeira foi uma aranha na perna, igual a da cantora de rock Siang.
• Como repercutiu em casa o fato de ter feito uma tatuagem sem autorização?
Eu estava no ônibus, com uma bermuda e uma amiga da minha mãe viu e perguntou: “fez uma tatuagem?” Ali, conversamos, mas eu não me lembrei de contar para a mãe e nem dei muita bola. Quando cheguei em casa, ela já estava me esperando. As primeiras palavras foram: “O que tu fez? Deixa eu ver”. Mostrei e ela não gostou. Hoje tenho 34 anos, ela ainda não gosta, mas não dá mais bola.
• Em um passado recente, desenhar no corpo era visto com certo preconceito. Inclusive os tatuados eram proibidos de ingressar no serviço público. Hoje, essa postura da sociedade reduziu?
Hoje em dia as pessoas não te olham mais com cara feia. Mas o principal é que tatuagem não define caráter. Hoje muitas pessoas tem, inclusive profissionais com status social, médicos, juízes, advogados, enfim. Hoje a sociedade aceita, por se tratar do jeito de ser de cada um.
• Mas no trabalho, já houve algum episódio?
As pessoas olham, mas não com algum preconceito, ou não querendo que eu atenda. É mais curiosidade mesmo. Preconceito não sinto. Hoje as pessoas estão mais acostumadas, hoje tem idosos tatuados.