Aos 63 anos, Dauri Klein é um especialista no restauro e conserto de relógios de igrejas. Seu trabalho é reconhecido não somente em Marques de Souza (onde reside), mas também em todo o RS. O trabalho mais recente fez os ponteiros do relógio da Comunidade Evangélica de Santa Cruz do Sul voltarem a girar depois de três meses parado.
• Por que você começou a restaurar relógios de igrejas?
Eu sempre fui especializado no conserto de relógios de paredes e de pulso. Fiz uma capacitação por correspondência no Instituto Monitor. Recebia apostilas com imagens e explicações. Na época apenas uma pessoa fazia a manutenção dos relógios na região e eu deveria continuar essa profissão.
• Quando seu trabalho se tornou conhecido na região?
Foi em 1998, quando o relógio da Comunidade Evangélica da cidade parou de funcionar. Fui chamado às pressas pelos vizinhos. Deu tempo de pegar algumas ferramentas, martelos, chaves de fenda e assim fazer o primeiro conserto de muitos. Era minha obrigação ajudar. Até então, o único a fazer o serviço no RS era o Guido Theobaldo Schwertner, de Estrela. Mas na época estava impedido de trabalhar. Desde então, começaram a chover ligações para contratar o serviço. As indicações eram feitas por Schwertner.
• Como é feito esse trabalho?
É um trabalho que exige muita paciência, precisão e atenção a cada detalhe. Tudo envolve muito carinho e paixão pelos relógios. Em toda a região, nos últimos anos, são mais de 100 consertados. De fora, destaque para o relógio da PUCRS. O mais recente foi em Santa Cruz do Sul, da Comunidade Evangélica. Eram mais de cem peças. Após ajustar, corrigir os erros, montei e levamos de volta. Está funcionando que nem novo.
• Tem alguma história de conserto de relógio que te emociona?
A primeira vez que recebi um chamado fora do Vale foi de uma comunidade evangélica de Taquara. O relógio estava estragado há cinco anos. Me pediram um preço alto e eu desconhecia os valores, pois era novo no ramo. Fiz um orçamento alto e achei que nem iam aceitar. Logo, pediram que dia eu iria começar. O problema foi resolvido em menos de uma semana e o relógio foi reinaugurado em uma grande festa, com a igreja lotada. Faltavam alguns segundos para às 21h, quando o pastor pediu para eu me levantar. Neste momento o sino começou a bater e todos me aplaudiram de pé.