O egoísmo e o amor próprio

Opinião

Bibiana Faleiro

Bibiana Faleiro

Jornalista

Colunista do Caderno Você

O egoísmo e o amor próprio

Na última semana, li alguns trechos das crônicas da escritora Martha Medeiros. Uma delas falava sobre a necessidade constante que temos de sempre procurar mais. Mesmo com o emprego e o salário dos sonhos, um corpo bonito e uma vida boa, tudo isso não é suficiente.

Ao ler a crônica, tive duas percepções. A primeira delas é que somos, por natureza, um pouco egoístas. Calma, vou explicar. Somos egoístas porque queremos a vida perfeita a qualquer custo. Muitas vezes, inclusive, passamos por cima dos sonhos dos outros. Ser mais sucedido nos faz sentirmo-nos melhores. Ao mesmo tempo, tudo isso me parece um tanto fútil e sem graça.

Existem tipos diferentes de sucesso. Depende de quais são os nossos objetivos. Por vezes tantos bens materiais não são suficientes, porque não é isso o que buscamos. Ainda bem.

O que buscamos mesmo é um pouco de emoção que quebre a nossa monotonia. Sentir o frio na barriga por uma nova oportunidade. Conhecer pessoas que não conhecíamos. Até mesmo sentir a pressão por errarmos de vez em quando. Todos esses sentimentos nos fazem viver.

Essa é a outra parte dessa nossa insatisfação com o que temos. De certa forma, assim, não me parece mais egoísmo, e sim cuidado com o que sentimos. Amor próprio. É essa busca constante por algo novo que nos tira dos cômodos em que nos colocamos.

Talvez seja por isso que corremos atrás de novos empregos, de novos amores, de novas aventuras a todo o momento. Não por estar ruim, mas por querermos mais. Mais de tudo um pouco. Amor, carinho, mais lugares para nos sentirmos desafiados, mas seguros. Quantas histórias teremos para contar. Até que um dia vamos ter nossos sonhos realizados, e começamos a escrever novos deles.

Existe uma linha tênue entre o egoísmo e o amor próprio. Enquanto um não se importa com as mágoas e a tristeza de ninguém, o outro se preocupa tanto que não aceita menos do que o seu coração merece receber. Seja amor ou essa adrenalina pela vida. Eu prefiro a segunda opção. Mas o amor próprio exige autoconhecimento. E essa talvez seja a consciência mais difícil de perceber.

Saber o que nos dá frio na barriga e vontade de viver é o primeiro passo. Mas, para isso, é preciso olhar para o coração, conversar com ele, cuidá-lo e amá-lo. E, então, quando ele estiver confortável e independente, estaremos prontos para descobrir quais são os nossos sonhos. Mesmo se for sozinhos. E, assim, essa insatisfação se transforma em histórias cada dia mais bonitas.

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