“Respeito não tem cor, tem consciência”

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“Respeito não tem cor, tem consciência”

A data que marca a luta de um povo hoje em liberdade foi celebrada no dia 20 de novembro

“Respeito não tem cor, tem consciência”

A data que marca a luta de um povo hoje em liberdade foi celebrada no dia 20 de novembro. Uma homenagem ao último líder do Quilombo dos Palmares, o Zumbi dos Palmares, que foi morto durante a colonização. Ele lutava pela liberdade dos negros, contra a escravatura no Brasil.

O Dia da Consciência Negra, depois de tantos séculos da morte de Zumbi dos Palmares, ainda é reforçado como a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.

Para nós, negros, essa é uma data para estimular a reflexão sobre a luta do nosso povo pela igualdade e respeito”, destaca a ativista Agélica Xavier. Sobretudo sobre a consciência do povo negro sobre seu valor e contribuição ao Brasil.

Para Angélica, o negro ainda vive na sombra da escravatura por ter sua imagem “manchada” e, atualmente, refletida diante da sociedade em que está se inserido ou que busca seu espaço. Ela explica que muitos negros ainda se encontram em favelas, que são fragmentos pós-escravidão por terem sido excluídos da sociedade.

Se antes a luta dos negros era contra a escravidão, hoje é por igualdade e respeito. Mas, apesar da história do escravismo ter um peso grande para a população negra atual, não se pode relacionar a história do povo negro unicamente com o período escravista, porque a cultura e os saberes tradicionais vão muito além da escravidão.

Uma cultura para perpetuar

Essa cultura afro-brasileira é constituinte da memória da história do Brasil composta por seus costumes e tradições. Entre eles estão as festividades populares como o carnaval, a música e a dança com o samba, maculelê e a capoeira. Além disso, essa descendência ainda está presente na culinária com o acarajé e a feijoada, e na religião, com a umbanda e o candomblé.

Esses costumes sofrem apropriações e adaptações, deixando de lado sua origem pela ausência de conscientização sobre a importância do negro para o país. No entanto, ainda existem muitas comunidades quilombolas no Brasil que não deixam os costumes se perderem, e repassam os ensinamentos para as crianças e adolescentes.

Em Lajeado, existe a Comunidade Quilombola Unidos do Lajeado e o Centro de Cultura Afro, e, em Arroio do Meio, é mantida a Comunidade Quilombola São Roque, um espaços de práticas culturais afrobrasileiras.

Angélica participa da ONG Alphorria, de Venâncio Aires, que busca disseminar e combater o racismo e o preconceito com educação, cultura e arte. Assim, desenvolvem projetos em escolas e universidades buscando educação étnico racial, além de grupos de estudos e coral.

A diversidade cultural que nos rodeia é a mesma que faz o negro se aceitar como negro e aceitar sua cultura. As próprias famílias buscam sua origem mesmo vivendo a cultura na qual estão inseridos”, garante a ativista.

Fora o preconceito

Mesmo com essa busca por inserção e resiliência da cultura negra, o racismo ainda existe e deve ser debatido nas escolas, rodas de amigos e na família. Para Angélica, é preciso tomar consciência de que esse é um problema enraizado na sociedade e que precisa ser combatido.

Existe uma história do povo negro sem o Brasil, mas não existe uma história do Brasil sem o povo negro”, destaca a ativista.

O negro luta pelo seu espaço de fala, mas não quer tomar o lugar de ninguém. Ele busca igualdade, oportunidade, respeito e reparação pela história que carrega. “Apesar de muitas conquistas, a reparação precisa acontecer. A sociedade precisa assumir o preconceito e combatê-lo. A cor de pele não transforma o ser humano em mais ou menos superior que o outro”, finaliza.

Cabelos afros

Gabriela Aline Pereira mantém um salão de beleza no centro de Lajeado, o Salão da Gaby. Ela atende diferentes mulheres e homens da região, mas tem um diferencial: é especializada em cabelos afros. “Eu amo essa cultura, e via dificuldade em encontrar salões que faziam cabelos assim”, comenta. Foi isso o que a levou a fazer o curso e começar a atender cada vez mais pessoas afros.

Desde os alisamentos, até as tradicionais trancinhas, Gabriela explica que não há padrão nessa cultura. O segredo é se sentir bem com a aparência. Por isso alguns clientes pedem o black power, outros apenas o alinhamento dos cachos e outros o alisamento. “As mulheres negras são lindas e podem ser tudo o que quiserem”, garante.

Muitas clientes ainda pedem as trancinhas que Gabriela leva de 30 min a 3h para fazer. Ela ainda dá destaque para o uso de turbantes e faixas coloridas para realçar a beleza dessas mulheres.

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