A deficiência auditiva não impediu Lucas Warken de explorar o Vale do Taquari. Faz três anos, o morador de Lajeado realiza trilhas e se surpreende com as belezas naturais e pontos turísticos
da região.
• O que te motiva a desbravar o Vale do Taquari?
Creio que no meio da natureza eu vivo o real interno e externamente, com simplicidade e intensidade. Fazer trilhas revigora a alma. Respira ar puro e se deslumbra com paisagens espetaculares. Saio da trilha diferente de quando entro. Sinto algo a mais depois da imersão: um exercício para o corpo e para a mente que alimentam o equilíbrio e tendo experiência com a realidade tipicamente rural. O Vale do Taquari é maravilhoso, cheio de beleza e encantos. Não existe fim para aventuras que podemos ter se simplesmente procurarmos com os nossos olhos abertos.
• Como começou a fazer trilhas?
Foi em agosto de 2016 numa manhã de domingo gelada, em Progresso, Boqueirão do Leão e Sério. Não imaginava que conheceria tantas localidades cheias de cascatas, morros, mirantes escondidos, lagoas, carvoarias, capitéis, grutas, açudes, túneis, viadutos, moinhos e tudo mais nos 36 municípios. Conheci todos. A partir daí, com o autoconhecimento em mente, isso fez mudar, de forma paciente e milagrosa, quando passei a me conhecer melhor. Isso também aumentou meu ciclo de motivações e entusiasmo.
• Como é encarar essas aventuras mesmo tendo deficiência auditiva?
Começo me programando uma semana antes. Comunico via WhatsApp amigos que já visitaram o destino, pedindo informações detalhadas. Aliás, pesquiso na internet. Não posso ir sozinho e recomendo que nunca vá sozinho. Às vezes, um amigo surdo vai junto e nossa atenção é redobrada, por causa da audição. Dirijo com meu carro até o local. Depois, tento localizar o ponto à pé. Peço informações de morador a morador. Algumas vezes, moradores locais vão junto.
• Qual o ponto turístico do Vale que mais lhe chama a atenção?
São mil lugares lindos. Fui conhecendo cada localidade que vinha em mente, uma mais linda que a outra, apaixonante e irresistível, amor à vista. De coração pulsando, gostei tanto de Coqueiro Baixo pela riqueza natural de suas cascatas com arroios de água transparente e verdejantes. Convidativas para um típico mergulho. As paisagens no alto dos morros com cenário privilegiado como o capitel Nossa Senhora da Saúde em Linha Pedras Brancas, o mais famoso. Também adorei Linha Santa Manoela em Paverama, por seus potreiros enormes, planos, de grama aparada e com cada açudes formados por palmeiras em seu entorno, as casas antigas conservadíssimas e longas entradas. Por Anta Gorda, achei uma cidade desenvolvida, organizada, tanta calmaria, a produção de nozes, as agroindústrias do leite em alta, ou seja, o agroturismo na terra do leite em evidência.
• Tem algum lugar que deseja conhecer?
Sim. Cascata do Canudo em Linha Pilão Alto, Coqueiro Baixo. Com trilha de difícil acesso. A cascata glamourosa do Vale do Taquari com piscina e jacuzzi no topo e visão privilegiada.