Rafael* estranhou quando parentes começaram a telefonar perguntando se estava tudo bem com ele e por que precisava de dinheiro com urgência. Logo percebeu que havia sido vítima em um golpe pelo Whatsapp.
Às 11h dessa quarta-feira, 30, ele publicou um anúncio de seu carro em um site de compra e venda na internet. Instantes após confirmar a publicação, o telefone tocou. Era um número desconhecido, com DDD de São Paulo. O interlocutor se identificou como Tiago, funcionário do site, e disse que precisava checar as informações para autorizar o anúncio.
No fim da ligação, o homem informou que enviaria um código de verificação de seis dígitos por mensagem SMS e pediu a confirmação dos números. Quando Rafael passou o código, seu whatsapp foi desconectado. Tudo muito rápido. Golpe consumado.
A senha na verdade havia sido enviada pelo próprio whatsapp. Como outro dispositivo tentava acessar a conta, a senha era uma autorização para os criminosos. A partir daí, os invasores dispararam mensagens para centenas de contatos do telefone da vítima. Pelo menos 24 pessoas responderam ao ‘bom dia“, enviado pelo falso Rafael.
“Estou precisando fazer um pagamento a um amigo só que minha conta deu limite você não consegue transferir o valor para ele amanhã eu te devolvo sem falta”, dizia a mensagem enviada aos contatos da vítima.
Assim que percebeu se tratar de golpe, ele pediu à operadora o congelamento da linha e levou o caso à polícia.
Até o momento, ele não recebeu nenhum relato de que alguém tenha repassado dinheiro. A vítima registrou boletim de ocorrência. Um amigo levou adiante a conversa com os falsários até que lhe passassem as informações bancárias, que foram encaminhadas à polícia.
“O golpe foi eles me convencerem a passar esta senha. Se eu tivesse ficado quieto a ligação toda, não havia caído. Mordi a isca na hora em que passei o código.”
Após o susto, ele adotou algumas medidas de prevenção, como a confirmação em duas etapas do aplicativo. Para a vítima, a pior sensação foi não saber o que o criminoso poderia fazer com sua conta.
“Sei lá o que essa pessoa poderia estar fazendo através do meu nome. Dá um pânico de não saber o que fazer, você não sabe o que está acontecendo. Da mesma forma que estão enviando mensagens pedindo dinheiro para os meus contatos, podem ter acesso a informações minhas”, conclui.
Proteja sua senha
Após os primeiros casos, no meio deste ano, as ocorrências tiveram redução. Ainda assim, a delegada Márcia Scherer afirma que a Delegacia de Pronto Atendimento de Lajeado segue recebendo casos semelhantes ao de Rafael. cerca de 10 novas ocorrências por semana.
“Já tivemos casos com transferências de altos valores. Teve vítima que perdeu mais de R$ 20 mil”, diz.
Márcia que em muitos casos os criminosos conseguem efetuar o golpe quando a pessoa fornece alguma senha. “É importante não repassar senha para ninguém desconhecido em momento nenhum. Tem que cortar desde o início, Senha é pessoal”, recomenda a delegada.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br