Entre a dor da perda e a força para seguir a vida

Dia de Finados

Entre a dor da perda e a força para seguir a vida

A morte traz sensações muito fortes. Vai do sentimento impotência e da falta de controle sobre a vida. Cada pessoa sentirá isso de uma forma. Saber lidar com essas emoções é um desafio que por vezes pode inclusive virar doença

Entre a dor da perda e a força para seguir a vida

“Minha irmã é uma artista. E artistas nunca morrem. Eles ficam eternizados em sua obra”, afirma Maurício Gobbi, 30, ao descrever Aline Gobbi, morta em um acidente de trânsito aos 27 anos. Propagar a música e os desenhos realistas feitos por ela se tornou a forma de Gobbi encarar o luto.
A lembrança do acidente ainda está na memória, mesmo tendo acontecido faz mais de cinco anos. Foi no dia 3 de março de 2014. Gobbi dormia quando recebeu a ligação informando que a motocicleta Biz da irmã foi atingida por um caminhão na SC-405, em Florianópolis (Santa Catarina).
12_AHORAAo chegar no local, Gobbi conseguiu apenas ver o sangue na pista e o momento em que o saco fúnebre era fechado com o corpo de Aline. “Perdi as forças e sai correndo gritando. Era um momento de incredulidade, como se aquilo fosse um sonho ruim. Aos poucos fui aceitando a situação”, comenta.
Como era o único familiar próximo, coube a Gobbi acompanhar o corpo até o Instituto Médico Legal (IML). Por telefone, teve de informar os pais, que estavam em Lajeado, da morte da irmã. “Foi a coisa mais difícil que já fiz em minha vida”, destaca.

Reconforto na arte

Levou cerca de dois anos até Gobbi se acostumar com a ausência da irmã. O consolo só veio quando ele se colocou a missão de difundir a arte de Aline, conhecida no Vale do Taquari por integrar bandas como a Madames do Rock e Feitoria. “Ela sempre foi minha inspiração. Minha casa é forrada pelas obras dela”, relata.
Ele é professor e músico. Como tinha poucos registros tocando juntos, Gobbi produziu um vídeo onde junta um cover de Aline com notas produzidas por ele com flautas, e percussão. A música “Somewhere over the rainbow” interpretada pelos irmãos viralizou na internet.
Outra ação de Gobbi para manter viva a lembrança da irmã foi recriar os desenhos realistas da irmã e produzir réplicas em roupas e objetos. A loja virtual comercializa produtos até fora do Brasil, destaca. “A arte de Aline está se espalhando pelo mundo”, comemora.
Espírita, Gobbi destaca que “conversa com irmã diariamente”, mas sente saudade do contato físico. A passagem do Finados será mais um dia em que irá acender uma vela e orar por ela. “Acima de tudo, uso essas datas para me inspirar na vida que ela teve”, reforça.
Interessados em conhecer mais sobre o trabalho de Gobbi podem acessar o site http://www.ateliealinegobbi.com.br ou Instagram @alinegobbiarteevida ou e-mail loja@ateliealinegobbi.com.br

Tempo que cura as mágoas

Dos sete irmãos de Olir José Cordeiro, 65, seis morreram. Nessa sexta-feira, ele aproveitava a trégua da chuva para fazer os reparos no túmulo de um dos irmãos: o Braulino. Conforme Cordeiro, o irmão morreu devido a uma infecção na perna, depois de ficar dias no hospital. “Estava trabalhando quando me informaram que ele morreu. Foi triste pois ele ainda era jovem, tinha 53 anos na época”, recorda.
Para ele, a dor foi se amenizando com o tempo. Acredita que a rotina é a melhor forma de se acostumar com a falta do ente querido. Outra forma de apaziguar o luto é cultivar as boas lembranças. No caso de Cordeiro, relembrar a família reunida na infância, quando ainda moravam em Nova Bréscia.

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

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