Jornalismo é, sobretudo, contar histórias. Desde que sejam verdadeiras, relevantes, reveladoras, comoventes, dramáticas, inspiradoras, curiosas. De modo geral, a atividade jornalística tem a prerrogativa de acessar locais, pessoas e situações onde a sociedade não consegue chegar com facilidade.
Assim grandes repórteres e veículos se consagraram ao dar luz a acontecimentos até então obscuros, por diferentes razões, para o grande público. Com o objetivo de esclarecer, o desafio principal é informar de forma isenta, sem necessariamente defender ou aprovar o discurso das fontes entrevistadas.
As condições irrevogáveis para um assunto virar reportagem, no entanto, são a existência de interesse público em torno da situação abordada e o compromisso incondicional com a verdade factual.
No ano passado, um atendado impressionou a comunidade regional e gaúcha, quando um homem, insatisfeito com o atendimento do Hospital Bruno Born, ateou fogo na recepção da urgência e emergência, colocando em risco a vida de funcionários e pacientes.
O caso foi tratado à exaustão pela imprensa regional e estadual diante do esforço da sociedade em tentar compreender os motivos que levaram o pai de um menino que precisava de atendimento adotar uma atitude tão extremada. Entre defesas e ataques por parte da opinião pública, o autor do atentado foi preso e, com razão, cumpre pena pelo crime.
Em reportagem nesta edição, o criminoso confesso apresenta a sua versão, relata sua trajetória e as circunstâncias nas quais se encontra hoje. Na tentativa de reconstruir a vida após o incêndio e com uma extensa ficha criminal, compartilha as angústias e as preocupações em relação à sua família enquanto segue detido no regime semiaberto.
Sem defendê-lo ou condená-lo, a matéria se propõe a, estritamente, contar a história de um ser humano e contextualizá-la no dramático cenário do sistema carcerário brasileiro, ineficiente para a ressocialização dos detentos. Também analisa as lacunas deixadas pelo Estado ao se preocupar apenas com a punição, sem oferecer possibilidades de reinclusão na sociedade.
Editorial
História a contar
Jornalismo é, sobretudo, contar histórias. Desde que sejam verdadeiras, relevantes, reveladoras, comoventes, dramáticas, inspiradoras, curiosas. De modo geral, a atividade jornalística tem a prerrogativa de acessar locais, pessoas e situações onde a sociedade não consegue chegar com facilidade. Assim grandes…