O valor da estabilidade

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

O valor da estabilidade

Há dias vi o filme “Getúlio”, buscando respostas para um período e um personagem importantes da nossa história. Trata do final do último governo do presidente Getúlio Vargas, até seu suicídio em 24 de agosto de 1954. Segundo a narrativa, este gesto é a culminância de um período de agitação e instabilidade, fomentado, implacavelmente, pelo jornalista Carlos Lacerda. Literalmente embretou o presidente, com base em acusações de corrupção que, ainda segundo a narrativa, nem mesmo era do seu conhecimento e sem sua conivência. Com a morte, Getúlio lega ao país a volta à estabilidade, a ponto de, na sequência, em eleições livres, vir Juscelino Kubitschek e o salto de desenvolvimento e de modernização que protagonizou.
Em 1964, surge movimento militar que – sem entrar na sua discussão ideológica – novamente alinha o país, após período conturbado fomentado pelos protagonistas da guerra fria da época – Estados Unidos e União Soviética. A estes interessava a expansão de seus domínios, sem preocupar-se com a instabilidade que provocavam nos países e, por consequência, estagnação e retrocesso econômico-social.
Aquele regime se desgasta e a estabilidade nacional novamente balança. Com o movimento popular Diretas Já, realinhamos e, através das urnas, os eleitores voltam a consagrar as ideias majoritárias para conduzir o Brasil, possibilitando que ideologias opostas (de direita, esquerda e de centro) ascendessem ao poder. Desta forma, fomos liderados por Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer, que trabalharam o desenvolvimento nacional conforme seus axiomas e sob o manto da estabilidade institucional.
Há dias, o Chile mergulhou em convulsão, instabilizado. Uma surpresa, pois davam-nos inveja a ordem, a disciplina, a organização econômica e o progresso alcançados por eles. Pelo visto, por detrás dos meros R$ 0,20 de aumento nas passagens do metrô, que teriam sido o estopim, há fatores de insatisfação social que o governo de lá, ao que parece, agora procurou mitigar. Antes que grupos e forças escusos, que só pensam no poder pelo poder, se aproveitassem para apagar fogo com gasolina.
Os movimentos cíclicos da nossa história e da de outros países são bons norteadores. Toda instabilidade e conturbação só servem a poucos – os mesmos – que ambicionam o domínio político e econômico, sem limitar-se a fronteiras geográficas. Para a grande maioria da população, sobram dissabores e penúria porque os países estagnam e retrocedem.
Na história nossa recente, finda o segundo mandato de Dilma de forma anormal, o Governo Temer é alvo de controvérsias constantes e, agora, o Governo Bolsonaro, sob fogo cruzado sem tréguas. Percebe-se a mesma linha fortuita por detrás dos dissabores destes governantes, tentando desestabilizar o Brasil. Isto torna-se mais claro quando os fenômenos mais recentes, suspeitos e crescentes, desnudam forças internacionais por detrás: Amazônia em chamas, hackeamento ilegal de telefones de autoridades com a larga divulgação de fatos não comprovados e, agora, o maior derramamento de óleo da história no litoral nordestino. Claramente a Guerra Fria das décadas de 50 e 60 não acabou. Mas, por detrás das ideologias que, aparentemente, a fomentavam, na realidade devem estar os mesmos grupos históricos que dominam a caminhada da humanidade, em detrimento do bem-estar geral.
Por isto, é bom estarmos atentos e lutarmos pela manutenção da nossa estabilidade: é ela que assegura o bem viver à maioria da população e evita a concentração dos meios de pagamento na mão de poucos poderosos. Importante, neste movimento, sermos brasileiros e patriotas, acima de tudo e em tudo. A independência de um país depende desta prática e vigília constantes.

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