O médico, pesquisador e escritor Werner Schinke, 92 anos, 52 de medicina e há 68 anos casado com Gisela Schinke, lançou o livro “A Medicina no Vale do Taquari – Ensaio Histórico e Autobiográfico”. Na obra, relata a sua história de médico e, por consequência, da medicina na região.
• O que o motivou a escrever este livro?
Eu tive o privilégio de exercer a medicina durante 52 anos, período em que comecei a clinicar em condições mais primitivas em comparação às de hoje com todos seus avanços tecnológicos e especializações. Essa evolução me fez escrever o livro de minhas vivências para a posteridade.
• Quanto tempo levou para escrever?
Iniciei a coordenar o texto a partir da minha aposentadoria em 2006, concluindo-o com o último e atualíssimo problema do confronto da milenar Medicina Hipocrática com a tal “Telemedicina”, em 13 de julho de 2019.
• Quais as diferenças no exercício da medicina do seu tempo e dos dias atuais?
Basicamente falando, a medicina no interior do estado era praticada com a relação direta médico-paciente, com os meios que Hipócrates ensinou aos estudantes: olhar “olho no olho”, conversar, escutar e observar, auscultar e palpar, registrando o essencial em uma ficha médica de papel. O médico atual depende do computador, e se “cai o sistema”, ele não consegue registrar os dados na ficha nem pedir exames.
• Lembra de um fato marcante da sua vida de médico?
Fatos que marcam são as amputações, que fui obrigado a realizar devido às circunstâncias adversas do momento. Cito algumas no livro, como também uma cesariana incomum.
• Como conciliou a atividade de médico, com o museu da família e a literatura?
O Museu Schinke – setor medicina – tem sua origem na herança de instrumentário e livros de medicina herdados do meu avô e pai, que eram médicos formados na Alemanha. As diversas coleções de antiguidades de vários setores da atividade humana tiveram origem na paixão de minha esposa Gisela por tais objetos e sua vontade de conservá-las em um museu com acesso ao público. Nas poucas horas vagas, consegui aos poucos cadastrar a grande maioria do acervo.
DEOLI GRÄFF – deoli@jornalahora.inf.br