Que o cachorro é o melhor amigo do homem, todos já sabem. Qual produtor não tem ao seu lado o velho e bom amigo “cusco”? No meio rural, o Border Collie ganha espaço. Eles ostentam o título de cão mais inteligente entre todas as raças, conforme testes científicos já realizados.
São cães de pastoreio cuja seleção iniciou há mais de 200 anos, sendo muito utilizado na lida do campo pelo seu desempenho inusitado e suas habilidades na condução do rebanho.
Originários da região da fronteira entre a Escócia e Inglaterra, subiam em locais onde era impossível chegar com os cavalos para trazer o plantel de ovinos de volta. Além disso, possui uma característica muito peculiar: sua movimentação corporal, sua posição diante dos animais e seu poder hipnótico dominam completamente os animais.
Conforme o vice-presidente da AGBC, Diego Cunha Schaf, a raça é de grande utilidade para o pequeno, médio e grande produtor. Com expectativa de vida de 10 a 14 anos, é um dos cães mais inteligentes do mundo, capaz de manejar rebanhos de até 200 cabeças bovinas ou 400 ovinas. “Se você for trabalhar um dia inteiro, é recomendado dois cachorros”, observa.
Muito usado no exterior, o Bordier Collie possui baixo custo-benefício e otimização de tempo no pastoreio. A AGBC presta auxílio técnico gratuito aos criadores, treinadores e proprietários, acompanhando a inserção do animal na propriedade. “Você pode pegar dois peões, encilhar os cavalos, ir ao fundo de uma invernada para buscar o gado. O cachorro consegue fazer esse trabalho em menos tempo”, acrescenta.
Schaf fez questão de lembrar que, apesar da falta de mão de obra no campo, o animal não substitui ninguém. Na opinião dele, a presença do peão é essencial para que o cachorro execute as tarefas de maneira eficaz. “Sem o peão, o cachorro não funciona”, afirma.
Por meio de um apito, o cão trabalha a longas distâncias. Quando está mais perto, basta a voz do dono. Pela sua rusticidade, sua natureza é funcional, não são indicados para companhia ou guarda, apesar de serem muito dóceis. Necessitam de uma carga horária diária considerável para evitar o estresse, ensina.
O mercado no Estado ainda é lento, embora registre crescimento gradual. Cada exemplar, dependendo da linhagem, varia de R$ 1 mil a R$ 15 mil, já adestrado.
Paixão pela raça
Natural de Cerro Largo, o médico Djacir de Lima Freitas há quatro anos decidiu iniciar a criação de Border Collie. A Cabanha Montanha do Carrasco, localizada em Arroio Abelha 2, interior de Forquetinha, é um local considerado ideal para os cães. Amplos gramados, sombra e água abundante.
Na propriedade são mantidas sete fêmeas e dois machos. Por ano, com o ciclo reprodutivo controlado com auxílio do médico veterinário Rafael Duarte, nascem em torno de 30 filhotes. Os valores variam de acordo com a pelagem.
No canil são encontrados o Blue Merle, Sable Dourado, o Preto Branco, o Preto Tricolor, o Azul Merle, o Chocolate (vermelho, marrom e branco) e o Red (vermelho, dourado, vermelho australiano e branco).
Após 45 dias, os filhotes são vendidos. Entre os cuidados, Djacir observa a necessidade de manter eles soltos. “Não podem ficar acorrentados. São extremamente ágeis, dóceis e inteligentes. Adoram brincar e precisam de atenção para gastar toda energia”, ensina.
Além das vacinas, recomenda banhos a cada 10 dias no verão e 15 dias no inverno. Frisa a necessidade de uma alimentação balanceada com elevados índices de proteína. “Um cão adulto consome até 500 gramas de ração por dia”, diz.
Djacir destaca a habilidade dos Border Collie no pastoreio. Ao lado do capataz Moises Rodrigues, ajudam no manejo dos cavalos crioulos, gado e ovelhas. “Quando treinados, são excelentes aliados na lida do campo”, afirma.
Habilidade aprimorada
O treinamento é necessário para que se utilize 100% da capacidade do animal. Proprietário de um Centro de Adestramento no Bairro Conventos, em Lajeado, Luciano Costa de Castro destaca a sensibilidade e a inteligência dos Border Collie, comparado com outras raças. “O processo de obediência leva apenas 60 dias, enquanto os demais necessitam até 90. São ágeis e muito fieis ao dono”, frisa.
Pioneiro no adestramento na região, com mais de 20 anos de experiência, Castro enfatiza a utilidade do cão no campo, principalmente para auxiliar na criação de gado ou ovelhas. “Ainda existe um certo desconhecimento do nível de capacidade que a raça possui para auxiliar no trabalho diário”, observa.
Além de diminuir custos com mão de obra, a utilização do Border reflete na economia de tempo. Eles trabalham sem estressar os rebanhos, argumenta.
Outro detalhe importante é a necessidade do dono ter conhecimento dos comandos para saber conduzi-los de forma adequada. O custo para adestrar um cachorro está cotado acima de R$ 2 mil. Além do pastoreio, o local oferece curso de formação de adestradores, avançado de guarda e proteção, além de faro especializado.
Compra financiada
O Banrisul criou uma linha de crédito para a compra dos cachorros por produtores. Serão utilizados recursos próprios para o financiamento, com juro de 9% a 10,84% ao ano. O prazo para pagamento é de até cinco anos, com um ano de carência.