As novas instruções normativas do leite seguem preocupando produtores no RS. Ontem, a capital gaúcha foi tomada por mais de mil agricultores que pedem o apoio do Estado para conseguirem se adequar às regras em meio a uma das mais graves crises do setor.
Desde setembro, a apreensão no campo aumentou com o início do levantamento por parte de fiscais do Ministério da Agricultura em todo o território nacional. Diante da promessa de maior rigor para o cumprimento das novas exigências, líderes do segmento alertam para o risco de exclusão de milhares de famílias da atividade leiteira.
A preocupação maior é quanto aos produtores de pequeno e médio porte. Teme-se que grande parte desses não consiga se regularizar em um setor que, segundo estimativas, perdeu cerca de 30 mil agricultores desde 2015.
No Vale, felizmente, as principais cooperativas vinculadas ao segmento estão atentas às mudanças na legislação e proporcionando o suporte necessário para quem está à frente das atividades se consiga se adaptar. Mesmo assim, há relatos de famílias em dificuldades, que já se desfizeram ou que estão em vias de se desfazer dos negócios.
Importante frisar que o debate sobre a necessidade de maior controle para garantir a qualidade do produto é feito, pelo menos, desde 2013. Trata-se de um tema estratégico, não apenas no aspecto da saúde pública, no sentido de assegurar um alimento livre de suspeitas para o consumidor final, mas também no aspecto econômico, visto que a produção leiteira consiste em um dos pilares do setor primário gaúcho e regional.
Apesar do tempo para a adaptação, há quesitos dentro das normativas que fogem da alçada dos produtores, e são onde se concentram as principais reclamações. Como manter a temperatura nos níveis ideais sem energia estável e de qualidade no meio rural? Como garantir um transporte rápido, sem comprometer o produto, diante da precariedade da infraestrutura viária estadual? São exemplos de questões “da porteira pra fora”, às quais o Estado e a União precisam se responsabilizar.
