Chefe, decide… Será?

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

Chefe, decide… Será?

Na última quarta-feira, após uma reunião para discussão de um tema importante, fui fumar com o colega Leonel Oliveira. Em algum momento, da janela de um dos prédios da Univates, duas colegas professoras disseram: “Só a chefia reunida, devem estar tomando decisões”, ou algo mais ou menos assim. Eu e Leonel passamos a nos questionar: será? Até onde os que ocupam posições de liderança realmente decidem? O processo de tomada de decisão nas organizações é feito por um conjunto de profissionais com o objetivo de melhorar o funcionamento da empresa. Dessa forma, trata-se de uma atividade contínua e dinâmica que permeia todas as outras atividades pertencentes à organização.
A tomada de decisão pressupõe a utilização de parâmetros qualitativos e quantitativos. É preciso contar com a presença da incerteza, ambiguidade. É preciso entender o todo e as partes. Ter visão sistêmica, capacidade de usar a razão para conhecer e julgar e elaborar pensamentos e explicações, pois é ela que habilita o homem a escolher entre alternativas, a julgar os riscos decorrentes, suas consequências e efetuar escolhas conscientes e deliberadas. Porém, será que temos realmente escolhas? De acordo com Bauman, as condições limitam as escolhas das pessoas, embora você seja responsável por você mesmo, suas decisões dependem das condições que iludem a sua compreensão.
Liberdade de escolha, decidir, como diz Harari em Homo Deus, livre arbítrio só existe em histórias imaginárias inventadas pelos humanos. Estamos condicionados pelo ambiente, pela cultura, pelos valores da organização, pela restrição de tempo, pela personalidade de quem toma as decisões. É preciso considerar, ainda, os aspectos comportamentais e emocionais, o conhecimento do todo organizacional, a possibilidade de decidir individualmente ou a necessidade de envolver um grupo, bem como considerar os aspectos externos à organização e que, por vezes, têm força significativa. Mas a verdade é que, independentemente do grau de dificuldade de uma decisão, o fato é que ela sempre vai trazer consigo consequências, positivas ou negativas.
A alternativa finalmente escolhida, a decisão tomada, jamais permite a realização completa ou perfeita dos objetivos visados, representando apenas a melhor solução encontrada naquelas circunstâncias. Marx dizia que as pessoas fazem história sob condições que não escolhem. Me parece que está coberto de razão.

Cyrne escreve sempre no segundo fim de semana do mês. Fale com ele: cccyrne@hotmail.com

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